As primeiras décadas do século XXI, apresentam situações que
demonstram a continuidade e acentuação das instabilidades e inseguranças
sociais. A estabilidade e a previsibilidade almejadas pelo modelo teórico
cartesiano/Newtoniano, não se materializaram no comportamento das pessoas. Isaac
Newton (1642-1727) é considerado um dos maiores estudiosos da história da humanidade.
Suas publicações sobre mecânica, astronomia, física, química, matemática
revolucionaram o entendimento do ser humano sobre a realidade do mundo físico,
na sua época. Antes dele, Descartes (1596- 1650) marcou uma mudança de época,
transição do mundo medieval para o mundo moderno, ao apresentar uma certeza
racional absoluta, como base para edificação do conhecimento.
No entanto, as descobertas do científicas no final do século XIX demonstraram que os fenômenos naturais e o universo, são mais complexo do que Descartes e Newton propuseram. Especificamente, as descobertas no campo da física, em grande parte atribuídas a Einstein, simbolizados, incialmente, na teoria da relatividade e, sequencialmente, na física e química quântica indicam a insuficiência do visão de mundo cartesiana e da visão mecanicista newtoniana. Mais especificamente, as novas concepções da substância material elementar e a superação da descrição estritamente causal, dos fenômenos físicos, impulsionaram mudanças nos conceitos como os de espaço, tempo, matéria, objeto, causa e efeito.
A nova física, desenvolvida no início do século XX impulsionou a consciência dos limites das teorias científicas, demonstrando que as mesmas não representam uma descrição completa ou final dos fenômenos naturais. Contudo, o pensamento e o comportamento institucional, no início do século XXI, permanecem sobre influências das concepções petrificadas pela visão mecanicista do pensamento cartesiano/newtoniano. No campo da física, este paradigma foi superado, a nível micro, pelas pesquisas subatômicas e a nível macro, pela astrofísica. Resta identificar e analisar como estas descobertas estão interferindo nas pesquisas de outras áreas do conhecimento como a biologia e a psicologia.
Na biologia, por exemplo, se faz necessário questionar em que medida as descrições e análises do corpo e do comportamento humano, continuam apoiados na concepção cartesiana, que identifica o funcionamento dos organismos vivos, com leis mecânicas e materiais. Na psicologia, se faz necessário questionar as diversas abordagens para identificar em que medida estão apoiados da separação entre res cogitans (pensamento, mente) e res extensa (corpo, matéria) de Descartes ou no monismo de Spinoza (1632-1677) e nas mônodas de Leibniz (1646-1716), que propõem um princípio unitário entre as partes.