Iniciamos
Setembro, o mês da Pátria. Coincidência ou não, o mês Farroupilha, o mês dos
gaúchos. Não só daqueles gaúchos que vestem a bombacha para frequentarem os
cafés de chaleira que as entidades tradicionalistas realizam, com muito esforço,
para manter viva a tradição de nosso Rio Grande.
Iniciamos Setembro louvando os feitos de nossos heróis farroupilhas, tenham sido eles chimangos ou maragatos, federalistas ou imperialistas, pois de ambos os lados defenderam uma causa.
Nossa Pátria amada está escorraçada. Nosso chão terrunho está esburacado. Em nosso peito, porém, não pode deixar de bater um coração gaúcho.
Na composição de Anomar Danúbio Vieira e César Oliveira, intitulada Pátria, resume-se em breves, mas lindos versos, o sentimento dos autênticos gaúchos pelo nosso Rio Grande.
Pátria pampa descampado
Querência, terra e rincão
Rancho, mangueira e galpão
Destinos entreverados
Lidas de potro e de gado
Unindo pagos fronteiros
Horizontes caborteiros
Que se amansam a cada mate
Quando se mesclam sotaques
Na pátria do homem campeiro
Nos cimbronaços de um pealo
Três pátrias se fazem uma
E a velha raça reiúna
Dos pampeanos de a cavalo
Antes do canto do galo
Palmeia a cuia do amargo
Cada qual com seu encargo
O tosador e o tropeiro
O alambrador e o domeiro
Herdeiros do campo largo
A fronteira faz divisa
E ao mesmo tempo acolhera
O futuro que se espera
E os rumos que se precisa
A tradição se eterniza
Onde a verdade se acampa
Forjando a mais xucra estampa
De gente buena e aguerrida
Que vê sentido na vida
Se vive na pátria pampa
Paisanos e contrabandos
Tropillas e pulperias
Llanuras e sesmarias
Guitarra e voz se trançando
Três povos reverenciando
O mesmo solo encruado
Chão crioulo retovado
Pago terrunho dos meus
Que têm a benção de Deus
E o Martín Fierro sagrado
Para quem não tem o conhecimento das expressões do Rio Grande, algumas palavras estão à disposição do Dicionário Google.
Na verdade, é este o orgulho de uma raça.
O orgulho dos gaúchos, açoitados até hoje em algumas salas de aula de história, onde quem deveria reportar as façanhas e as vicissitudes de um povo de coragem, o fazem denegrindo a sua própria história.
Mas, no Hino Rio-Grandense, entoado com emoção pelas crianças e adultos que amam este Rio Grande, está escrito o principal, que deveria ser utilizado como um lema para qualquer gaúcho que ama este chão: “POVO QUE NÃO TEM VIRTUDE, ACABA POR SER ESCRAVO”.
E que tenhamos um excelente mês farroupilha.
E que corra em nossas veias farrapas o sangue de Bento, Osório, Neto, Onofre, Fontoura, Onofre, Canabarro, Garibaldi e tantos outros.
Viva o Rio Grande.