A
oportunidade de permanecer por um tempo em Guiné Bissau, pequeno país do
continente africano, me permitiu adentrar em um universo cultural muito rico e
diverso. Estava mergulhado em um pais africano pobre, sofrido, contudo digno a
alegre no viver. Nas minhas caminhadas pelas ruas da capital Bissau senti isso.
Infelizmente é um país marcado por profundas divisões políticas e esta instabilidade afeta a economia, o social e outras dimensões da vida dos guineenses. É um dos países mais pobres da África. Em algumas regiões as pessoas fazem apenas uma refeição por dia. Apesar das tantas dificuldades, agravadas por anos de desgovernos, vê-se um povo muito bom, extremamente acolhedor.
A colonização portuguesa deixou marcas profundas no povo de Guiné Bissau. É bom lembrar que o atual continente africano foi repartido entre algumas nações europeias, segundo a normatização da Conferência de Berlin (1885). A divisão respondeu ao gosto dos europeus e não respeitou a divisão étnica territorial que já existia.
Portugal ficou com a Guiné Bissau além de outros territórios como Cabo Verde e Angola. Tal divisão arbitrária não foi forte suficiente para arrefecer o sentimento de pertença étnica destes povos. Surgiu a pertença a um pais, segundo os critérios europeus, mas não se perdeu o sentimento de pertença a uma etnia. No caso de Guiné Bissau a convivência entre ambas parece pacifica.
No diálogo com as pessoas ouvia-se dizer eu sou do grupo “balanta”, aquele é “pepel ou papel”, este é “fula”. Tem também os felupes, os mandigas, bijagós, manjacos e outros. Era a identificação dos diversos grupos étnicos culturais, cuja a presença portuguesa não eliminou.
Fala-se o português enquanto língua oficial. Mas o crioulo é a língua da maioria da população. Em algumas regiões se fala a língua do grupo étnico do lugar. Tem um carinho muito grande pelos brasileiros. Lá nos sentimos em casa. Muita coisa nos une além do carnaval que é a maior festa popular do país.
Deus abençoe o povo de Guiné Bissau.