Na
quarta-feira de cinzas a Arquidiocese de Passo Fundo, em comunhão com a Igreja
do mundo todo, iniciou a caminhada quaresmal. Lembro aqui três princípios que
nos ajudariam nesta caminhada para que de fato ela seja de conversão.
O primeiro é a atitude de abrir o coração para Deus. Na tradição judaico-cristã o coração é o lugar do projeto, da opção que determina a vida. Abrir o coração para Deus implica em deixar o criador fazer parte da nossa história, da nossa caminhada. É uma experiência pessoal e intrasferível. Também implica em deixar que o Pai possa inspirar o nosso caminhar. No tempo quaresmal somos desafiados a esta atitude de humildade. De coração aberto à Deus, permitir que ele seja o Deus da minha vida.
O segundo, na esteira do primeiro, é a experiência da conversão. Um coração voltado para Deus é um coração convertido. Conversão significa mudança de mentalidade. É mais profundo do que mudar esta ou aquela atitude. Implica em mudar a forma como vemos o mundo e nos vemos nele. Somos convidados a ver o mundo com o olhar cristão, tendo presente o espirito profético e a ação misericordiosa. As mudanças de atitude têm sentido se não estão embasadas em um coração convertido, transformado pela fé em Jesus Cristo.
O terceiro princípio convida a experiência da misericórdia. Neste caso é uma via de mão dupla. Implica em acolher e estender. Acolhemos a misericórdia quando, conscientes da nossa miséria enquanto seres humanos, nos deixamos tocar pela misericórdia de Deus. Neste caso cabe dar-se conta de que a misericórdia de Deus não tem limites. Talvez, limitada seja a consciência da nossa miséria, o que impede de buscarmos a misericórdia de Deus.
Acolhemos a misericórdia de Deus e nos desafiamos a agir com misericórdia. É a misericórdia estendida. Ela nos leva ao encontro dos irmãos, seguindo as atitudes de Jesus Cristo, aquele que revelou o rosto misericordioso de Deus. Aí não cabe distinção, pois o amor misericordioso não escolhe pessoas. Ele leva ao mais necessitado, pois o critério não é o meu, mas a real necessidade da pessoa. Implica em guiar-se pelo exemplo do samaritano ( Lc 10, 29ss)
Vivamos esta caminhada quaresmal como um “Tempo de Graça”. A cada ano Deus nos dá a oportunidade de abrirmos o nosso coração a sua presença; de buscarmos a conversão, a mudança de vida; de acolhermos a sua misericórdia e cultivarmos um coração misericordioso.
É tempo de Graça. Acolhemos ela neste tempo quaresmal!