O Brasil foi agraciado com uma natureza rica e diversa. É um dos poucos países que têm tantos biomas no seu território também enriquecido por diferentes povos e culturas. Bioma é o conjunto da vida, animal e vegetal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares tendo como consequência uma diversidade biológica própria, (CNBB. CF 2017).
Com a preocupação de refletir a situação dos biomas e dos povos nele presentes a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB lançou na última Quarta-feira a Campanha da Fraternidade de 2017 que tem como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”; e lema “Cultivar a guardar a criação” (Gn 2,15).
O seu momento forte é no tempo quaresmal. A Igreja convida a todos dos cristãos e pessoas de boa vontade, na quaresma, a refletir sobre estes biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, considerando as diferentes culturas ali presentes, e a consequente responsabilidade de cada cidadão zelar por eles, lembrando o mandado de Deus expresso no texto bíblico de cultivar e guardar a obra criada, estendidas como dom e graça a toda a humanidade.
A proposta de Campanha da Fraternidade nesta temática se dá devido ao processo de interferência humana nestes sistemas de vida, o que tem acarretado em transformações profundas especialmente a diminuição da sua área de abrangência.
A disposição do cuidado e do cultivo permite a superação de um modelo de conduta, comum nos últimos anos, marcado pelo desejo de domínio humano despótico em busca de produtividade e lucro, fenômeno que tem gerado graves consequências ambientais e climáticas.
A acentuação do aspecto do cultivo e do cuidado significa uma nova forma de conduta em relação ao mundo criado. Tomando o conceito bíblico de conversão, que significa mudança de mentalidade, pode-se afirmar que exige uma mudança no modo de conceber a relação do ser humano com o mundo criado. Implica na percepção de que o ser humano enquanto cultivador e guardador buscará uma interação com natureza não marcada pela exploração irracional e consequente destruição, mas pelo zelo e pelo cuidado.
Mudar a mentalidade não é processo fácil. Contudo é necessária porque a nossa casa comum está ameaçada, os biomas estão ameaçados e a vida humana está ameaçada. Mas é tempo de um novo caminhar. E temos condições de dar estes passos.