Estamos
na Oitava Pascal. É um tempo litúrgico que memoriza o Domingo da Pascoa do
Senhor celebrado como um só dia. Duas imagens bíblicas chamam atenção. A
primeira é a de Maria Madalena chorando próximo ao túmulo, porque Jesus não
estava mais lá. Ela pensava que alguém havia roubado o corpo (Jo 20, 11-18). A outra situação diz respeito aos discípulos que
fugiam de Jerusalém para a cidade de Emaus (Lc 24, 13-35). O choro de Maria
Madalena e fuga dos dois discípulos revelam o sentimento da perda de Jesus e o
fim de um projeto no qual acreditaram e imaginavam derrotado pela crucificação.
Os evangelistas João e Lucas, apresentam esta cena para mostrar a dificuldade
do grupo dos discípulos em crer na ressurreição e como Jesus Cristo vai
ajudando a superar esta barreira.
Nas duas situações Jesus Cristo vai estabelecendo um processo de diálogo para convencer seus ouvintes de que a realidade última da sua vida não era a morte na cruz, mas a ressurreição. No caso de Maria Madalena a conversa foi breve. De uma situação de dor, motivadora do choro, passa a uma situação de alegria e de anuncio da ressurreição para a comunidade dos discípulos.
No caso dos discípulos de Emaus a conversa foi mais longa e se desenvolveu no caminho. Jesus ressuscitado entra no caminho da fuga dos discípulos, primeiramente mostrando interesse pelo assunto tratado, a sua morte. Em seguida os situa na história, fato que a dor e a aparente derrota não os deixava fazer. Usa a Palavra para reaquecer aqueles corações entorpecidos pela dor. Finalmente completa a catequese da ressurreição partilhando o Pão. Ao mesmo tempo em que “os olhos dos discípulos se abrem” Jesus desaparece pois havia cumprido com a missão. A partir do encontro com o Jesus Cristo os discípulos revertem o processo de fuga e assumem a atitude corajosa de anúncio no ressuscitado na cidade que havia assistido a sua morte.
Estamos vivendo este tempo de Graça, a Páscoa o Senhor. Jesus enfrentou a cruz pela salvação da humanidade. Aqueles que o condenaram a morte imaginavam encerrar o seu projeto pela crucificação. Num primeiro momento amedrontaram seus seguidores. A ressurreição foi o extraordinário na caminhada de Jesus que permitiu derrotar estes podres de morte. Ele provou ser mais forte que a morte. A última palavra sobre a sua missão era a vida eterna. Para Ele e seus seguidores (Fil 2,9). Neste tempo Pascal estamos refletindo e rezando esta nova realidade a qual os seus seguidores foram motivados a compreender
Cristo ressuscitou e nossa fé se estrutura no ressuscitado e os compromissos que dela demandam, especialmente o enfretamento de tantas situações de morte e banalização da vida que estão presentes em nossa sociedade.