Sobre a crise política e ética que atravessamos lembramos três princípios: O Papa Francisco tem afirmado que a política é a forma mais sublime de caridade porque age em prol do bem comum.
Outro princípio: para a Doutrina Social da Igreja a pessoa humana é o fim da comunidade política o que implica em esforçar-se antes de mais, pelo reconhecimento e pelo respeito da sua dignidade mediante a tutela e a promoção dos direitos fundamentais e inalienáveis dos homens (Cf. CDSI 388).
Terceiro princípio: neste percurso há grave tarefa de buscar o bem comum em vista da criação de um ambiente humano em que se ofereça aos cidadãos a possibilidade de um real exercício dos direitos humanos e um pleno cumprimento dos respectivos deveres (Cf. CDSI. 389).
Os três princípios acima expostos, destacados entre outros, revelam o grau de distanciamento do exercício da política em nosso pais. Nos últimos meses temos assistido duas ações de extrema gravidade e com um grau alto de comprometimento do exercício do bem comum. De um lado um processo organizado de retirada dos direitos sociais sob o argumento de que não é possível o avanço do pais com a manutenção destes direitos chamados preconceituosamente de benesses corporativistas. A votação de algumas destas matérias aconteceu sem processos amplos de debates com a população, a grande interessada em parte dos temas. Simbolicamente assistimos os parlamentares virando as costas para o povo.
De outro lado, a visibilidade de processos extremamente organizados de corrupção e mau uso do dinheiro público. Esta chaga se fez presente em muito partidos. A promiscuidade entre o poder público e parte do empresariado que chegou ao ponto de grandes empresas criarem departamentos para gerenciamento e pagamento de propina a membros do poder executivo, legislativo e judiciário.
Em ambos os casos se vê a negação do verdadeiro sentido da política enquanto arte de buscar o bem comum. Pautar matérias que atentam contra a dignidade de cidadãos porque tiram seus direitos, ou assumir projetos em vista do benefício desta ou daquela empresa mediante pagamento de propina não condizem com a busca do bem comum.
Contudo estes representantes estão lá porque foram eleitos. Nós os elegemos. Vale lembrar o ditado: voto não tem preço, tem consequências. Precisamos rever nossa forma de ver, compreender e participar da política. O que temos presenciado é também nossa responsabilidade. Este “meia culpa” deve provocar a uma mudança de mentalidade. Todos temos a ver com a política, inclusive a omissão em discutir politica, e esta deve estar voltada para o bem comum!