Vieram os inimigos da mandioca

Postado por: Adalíbio Barth

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Durante dezenas de anos, o cultivo da mandioca e a consequente extração de sua farinha, bem como a farinha de polvilho, foram esgotando as terras de Ernestina e região. A mandioca começou a enfraquecer a terra e o inço veio impor-se como um grande inimigo. Foi difícil conservar a limpeza de todas as ervas daninhas que foram surgindo.

Além disso, as formigas encontraram na mandioca um alimento de seu agrado. Multiplicaram-se rapidamente. O veneno para seu combate era muito ineficiente, pois sua rápida reprodução exigia vigilância constante. Os mais antigos ainda se lembram da praga de gafanhotos, no ano de 1947, que deixavam um rastro de destruição aonde pousassem. O céu escurecia com as nuvens de gafanhotos que se formavam. E as lavouras eram destruídas em meia hora. As pessoas abriam valas e as empurravam para dentro, cobrindo-as de terra. O famoso “pó de gafanhoto” é daquela época. Mas exigia rapidez na aplicação, para não perder toda lavoura.

Outro inimigo foi a “barba de bode” que infestou as roças e os campos, tornando impossível vencê-la. Tentaram com os arados dos bois, mas não conseguiram. Tentaram com o fogo, mas a cada queimada, vinha mais viçosamente. O desânimo começou a tomar conta de muitas famílias. As terras começaram a perder o valor a partir dos anos de 1950. Muitos optaram em vender as terras nessa região e tentar nova vida, no oeste de Santa Catarina e no Paraná. Lá as terras eram ainda baratas, sem essas pragas comuns no Sul. Com a venda das terras daqui, adquiriam mais do que possuíam antes. A tentação foi grande e resolveram a situação com a mudança de Estado. A continuar assim, calcularam morrer de fome, pois não visualizavam uma saída. O êxodo rural foi significativo.

Veio, todavia o trator, no final da década de 1950. Era uma máquina cara, mas financiado por uma linha de crédito do governo, facilitou inicialmente sua compra pelos agricultores de mais posses. Estes fizeram uma verdadeira revolução no campo e nas roças menores. Quem não o adquiriu, arrendou suas terras ou mandou lavrá-las pelo vizinho afortunado. Aos poucos percebeu-se uma mudança radical. As roças começaram a produzir e fornecer o retorno esperado. A partir dos anos de 1960, a maioria dos agricultores tornou-se proprietário dessa máquina que facilitou a vida de todos. E na medida que aumentava a produção dos novos cultivares, como a soja, o milho, o trigo e muitos outros, as terras começaram a dobrar de preço, tornando-se cobiçada por todos.

Com a mecanização agrícola, as lavouras voltaram a produzir e fornecer exuberantes colheitas. Abriram muitos potreiros e campos, aumentaram a área de plantação de muitas culturas, antes difíceis de serem cultivadas. E novas tecnologias foram apresentadas pelos técnicos e agrônomos, fazendo uma revolução no campo. Agora também foi possível o cultivo de pastagem e a criação voltou a dar bons rendimentos.

Foto: Desfile vitorioso dos tratores, no início dos anos 70

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