No ano de 2016
milhares de brasileiros foram as ruas protestando contra a corrupção e outras
dificuldades, dentre elas a crise econômica. O governo Dilma havia começado mal o segundo
mandato. No início de 2015 foram editadas Medidas Provisórias atentando contra
os direitos da classe trabalhadora e com pouca incidência no déficit público e
na superação da crise econômica. Não deu resultado e o ministro da economia na
época pediu demissão.
O resultado mais visível dos protestos posteriores, com direito a “bateção de panelas” e ânimos acirrados, foi o impedimento da Presidente da República em exercício Dilma Rousseff e a ascensão do seu vice Michel Temer. Para os mais atentos chamou atenção a composição do novo ministério: basicamente masculino e pessoas em dívida com a lei. O novo presidente assumiu com o compromisso de acabar com a corrupção e ajudar o Brasil a superar a crise econômica. Aparentemente a “bateção de panelas”, com forte ajuda das redes de televisão e grandes jornais, dera resultado.
Passou-se um tempo e depois de mais de um ano a crise econômica não dá sinais de arrefecer. E ainda é usada como argumento para limitar direitos. Veja-se o projeto que limita o teto dos gastos, a reforma trabalhista e reforma previdenciária. Duas premissas veladas para entender estes projetos: estamos em crise e a culpa é dos trabalhadores e das classes mais pobres que tiveram certa melhoria de vida nos últimos anos; quem deve pagar a conta do ajuste são os trabalhadores e as classes mais pobres porque ajudaram o Brasil a entrar em crise. Não se levantou outras possibilidades, especialmente a revisão dos salários altíssimos de membros do poder legislativo e do judiciário e a adoção de medidas mais eficazes de combate a corrupção e sonegação fiscal, especialmente contra a previdência pública.
Além da crise, a corrupção não dá sinais de arrefecer. Temos um presidente denunciado que não se envergonha de usar o Congresso Nacional para se manter no poder. Faz isso na base do “toma lá dá cá”. Temos um corpo de ministros também denunciados, que estão no governo devido ao fórum privilegiado. E temos mais de cem deputados e senadores investigados ou denunciados, que só não foram presos devido ao exercício do mandato. O judiciário por sua vez estica e ajeita a lei de acordo com a conveniência do momento. A votação da cassação da chapa Dilma-Temer foi um exemplo claro disso.
Enquanto isso nós estamos quietos. As panelas estão guardadas e nossas vozes caladas. Os poucos que ousam reivindicar, segundo os princípios da lei, são taxados de “vagabundos”. Nosso país está doente e nós estamos quieto. Como diz a música: que país é este? Neste país não podemos deixar morrer a esperança, mas ela está aliada à proatividade cidadã.