Durante o tempo de verão, nossos agricultores ficam olhando muito
tempo para as nuvens que passam e não trazem a tão esperada chuva. O tema
inicial de conversa, quando as pessoas se encontram, sempre é a chuva que
falta, o medo da seca e a consequente perda das plantações. Em muitos lugares
iniciam as rezas, as novenas e as promessas. Se a chuva vem em abundância
existe uma explicação de que os pedidos vieram todos juntos, e quando não vem,
há explicação para a seca: a humanidade mexeu demais na natureza, o
desmatamento, o meio ambiente descuidado, e até castigo de Deus.
Numa comunidade fizeram uma novena pedindo chuva, fazendo diariamente uma procissão até uma gruta. No último dia, para encerrar a novena, convidaram o padre para rezar uma missa. Ao chegar pediu quem trouxe o guarda-chuva. Ninguém o tinha consigo. Foram todos repreendidos pela falta de fé, porque se acreditassem na virada do tempo, todos viriam prevenidos com o guarda-chuva.
Entre muitas famílias havia uma crendice: colocar um sapo virado, com uma pedra em cima. A chuva viria com toda certeza, em toda região. Todavia, queixavam-se que, depois de muita procura, ninguém havia encontrado um sapo. Acharam mais uma explicação: o veneno nas lavouras eliminou o batráquio e agora vêm as consequências desse desrespeito à natureza.
Em outra comunidade as pessoas se queixavam que haviam feito uma novena de rezas e não veio chuva alguma. Investigada sobre a novena, sobre o modo de sua realização, descobriu-se que rezaram em alemão. Contam em Ernestina que o resultado foi uma enchente na Alemanha.