Com o “sabe-tudo” é assim

Postado por: Adalíbio Barth

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Em nossa agricultura, vivemos numa época privilegiada, em que nossos agricultores contam com a tecnologia necessária para fazer as plantações no sistema chamado de “plantio direto”. Não há mais necessidade de se lavrar, de­pois passar a grade niveladora e realizar outros procedimentos, gerando custos desnecessários. Colhe-se bem mais, protege-se o húmus, conserva-se o terreno, com menos despesas na plantação.

Todavia, em outros tempos não era assim. Antes de se começar a traba­lhar a terra, era necessário fazer as curvas de níveis, evitando a erosão da terra, que levava a melhor terra adubada para as baixadas e rios. Assim, conseguia-se evitar o desperdício dos investimentos, obrigatórios na época.

Um jovem, depois de completar o primeiro ano de ensino agrícola, veio para casa, cheio de razões para melhorar a lavoura da família. Dizia:

- Pai! Não precisa gastar mais em medição dos diferentes níveis da terra. Eu faço tudo a olho nu. Não precisa mais das manguinhas de água, pagar um agrônomo e gastar muito tempo em medições. Eu faço tudo de uma vez só, com o arado do trator, simplesmente olhando a ondulação da terra, consigo fazer tudo sem custo. Como se faz, está tudo errado.

O pai surpreso com a observação do filho, sentia-se recompensado com os gastos do primeiro ano de estudos. Afinal, é preciso conformar-se aos novos tempos.

- Se é fácil assim, então vamos ao trabalho! – dizia o pai resignado com essa descoberta do menino.

Colocado o arado no trator, seguia pelas terras onduladas, repetindo todo tempo:

- Agora é por aqui, lá sobe um pouco, depois se desce um pouco mais. É simples. É só ter um pouco de prática e tudo será feito, sem custo algum.

O pai permanecia silencioso a seu lado, segurando-se no para-lamas do trator. E deixou-o andar.

Quando chegou ao final, depois de um quilômetro de andança, o rapaz expressou-se alegremente:

- Pronto, pai. Está feita a curva de nível, sem custo algum.

E o pai, que permaneceu silencioso a contemplar a proeza do filho, obser­vou:

- Então, olha para trás para ver como ficou a curva de nível, neste sistema moderno.

O olhar do jovem ernestinense passou de surpreso para o incompreensível. Não podia acreditar no que via: Esqueceu de abaixar o arado. 

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