As pessoas, quando
percebem uma atitude solidária em outra, gostam de dizer que essa ação foi um
“gesto bonito”. E quando conseguem que outras pessoas façam doações e ajudam a
resolver algum problema social, imediatamente as elogiam dizendo que foi um
“gesto bonito”. Todavia, são especialistas em conseguir donativos dos outros e
que os outros ajudem a resolver problemas. Dessa maneira ficam dispensados de
participarem, com suas posses, nessa ou naquela necessidade social.
Depois de muito elogiar a doação da iluminação do salão da igreja, com direito a um churrasco de inauguração, o doador foi preso, porque a polícia descobriu que as lâmpadas provieram de um assalto encomendado. O “gesto bonito”, ressaltado naquela noite, terminou dias após, com o benfeitor recolhido ao presídio.
Os festeiros haviam conseguido uma carne barata para o churrasco da comunidade. Todos elogiavam o “gesto bonito” do generoso membro. Dias após, a farsa da oferta foi descoberta: havia carneado uma rês da propriedade alheia.
Mas outro “gesto muito bonito” aconteceu com uma pessoa que ajudou a carregar, numa camioneta, os quartos de carne de uma vaca. Estava voltando à sua casa, quando os abigeatários, à beira da estrada, já ao escurecer, pediram sua ajuda. Não se cansavam de elogiar o “gesto bonito” dele, em ajudar nas horas difíceis. Dia seguinte, todavia, constatou que a rês carneada naquele lugar, fora retirada de sua propriedade.