Chamou
atenção um comentário veiculado em um dos jornais de circulação no Estado do
Rio Grande do Sul. Dizia o comentário: “dos
componentes do atual governo, quem não está preso é porque tem foro
privilegiado”. Tirando o exagero é uma constatação preocupante. Significa que
honestidade não foi o critério de escolha de quem tem ocupado cargos na esfera
federal, cargos de responsabilidade social e que envolvem muitas articulações
financeiras e políticas.
O fenômeno não é recente, mas parece que tem se intensificado. Esta desonestidade é protegida pelo foro privilegiado que, no lugar de proteger a pessoa no exercício do mandato, tem sido usado para proteger contra a justiça comum.
Na Grécia antiga a política era arte de cuidar da polis, o lugar onde morava a população, a cidade. Por isso o termo política define o cuidado das coisas da polis, da cidade. A pessoa em exercício do cargo público o fazia colocando o interesse coletivo acima do interesse individual. É salutar exercício de construir o bem comum.
No caso do Brasil temos o exemplo inédito da política envolvida com polícia. Por que?
Polícia também tem a ver com polis. É a instituição encarregada de guardar a cidade, protegê-la de pessoas que eventualmente possam atrapalhar seu fluxo vital. Pessoas que a ameaçam. Que colocam a vida e outras pessoas em risco.
Nos últimos anos no Brasil a polícia, enquanto guardadora da polis, da cidade, dos interesses públicos está sendo acionada para proteger os cidadãos daqueles que teoricamente deveriam primar pelo interesse da maioria, os políticos ligados a uma variedade de partidos que tem se assenhorado do bem público como se fosse seu bem.
São pessoas que usam o cargo público para enriquecer ou favorecer a vida de amigos, familiares e grupos privados. Não tem mala que resista. Por isso a proximidade nos noticiários da polícia com a política.
Uma destas missões não está sendo bem exercida. Por isso a necessidade de atuação da outra. Isto é uma pena!