Nos tempos de caça
permitida, dois vizinhos de propriedade rural, resolveram sair com suas armas,
para abater aves e animais do mato, para alimentar suas famílias. Era o costume
daquele tempo em que se iniciara a colonização de terras públicas. Às vezes, a
caça e a pesca também eram o único lazer e recreação de nossos agricultores
desamparados em nosso interior.
Naquela manhã conseguiram abater uma perdiz aqui, outra acolá, mais uma pomba carijó, perderam uma corrida de uma lebre e começaram a se preocupar com as nuvens carregadas que anunciavam chuva copiosa.
Suspenderam a caça daquela manhã e resolveram voltar às suas casas. Todavia, o vento aumentou, trovejava forte e já não tinham mais certeza de que conseguiriam seu intento. De fato, após alguns minutos começaram os primeiros pingos de chuva. Alcançaram abrigo debaixo de uma árvore nativa, grossa, exuberante e de grande valor comercial. Há muito tempo era cobiçada pelos dois caçadores, pois se encontrava bem na divisa das duas propriedades. Várias vezes já haviam discutido sobre a real pertença dessa árvore majestosa que, abatida e comercializada, alcançaria grande valor.
A chuva aumentou, trovejava e caíam raios por toda parte. Resolveram enfrentar a precipitação da água, abandonar o abrigo desta árvore em litígio e retornar assim mesmo às suas casas. Não haviam percorrido uns trezentos metros, eis que um raio caiu na disputada árvore, deixando-a partida em muitos pedaços.
Assustados e trêmulos, saíram em louca disparada, percorrendo em pouco tempo, a distância que os separava de seus lares. Chegaram felizes, com pouca caça, mas com vida, salvos.