Em visita mensal,
para a celebração da missa, numa capela do interior, um grupo de homens me
aguardava ansiosamente. Mal deu para estacionar e o carro já foi cercado.
- Padre, temos um assunto para conversar antes da missa – expressou-se o presidente da comunidade.
- Ah sim, o que aconteceu?
- Este homem aqui – e apontou para a vítima - está dizendo que não adianta rezar para chover. Que é coisa da natureza e ali ninguém mexe.
A região sofria devido a uma seca bastante prolongada. Nas intenções da missa constavam várias pedindo chuva.
- Então vamos fazer o seguinte: no começo da missa a gente senta e fala desse assunto – completei.
Todos entraram na capela, leram as intenções da missa e cantaram o canto inicial.
Pedi para que todos se assentassem. Havia umas cem pessoas na capela, e abrimos a discussão sobre a eficácia da oração para pedir chuva. Todos falavam e davam sua opinião. No final, pedi para que levantassem o braço quem acha que adianta rezar para pedir chuva. Todos levantaram, menos o que sustentava sua tese contrária.
- Vamos, então, fazer o seguinte, dizia-lhes: Rezamos para que chova em todas as roças, menos na sua – e indicava o referido senhor.
- Ah não! – reagiu imediatamente -. Vocês querem matar minha lavoura. Vocês não entenderam o que eu quis dizer. Eu disse que não adianta rezar para chover, mas não se deve rezar para não chover – completou.
A comunidade caiu na gargalhada e a missa prosseguiu. Lá pela metade da celebração, durante um canto, o polêmico senhor veio-me até o altar para pedir se estava rezando contra ele. “Não” – respondi-lhe baixinho. “Fique tranquilo. Deus vai abençoar a sua lavoura, com uma boa chuva”. E retirou-se feliz da vida.