As turbulências políticas
e econômicas vividas nestes dois últimos anos provocaram o debate sobre o
percentual de investimento nas demandas sociais. Opinava-se que não havia
sustentabilidade, ou seja, condições econômicas para manter tal propósito. A
crise econômica iniciada no Governo Dilma e perpetuada no governo Temer intensificou
o questionamento e viu-se como solução, já adotada no Governo Temer, a
diminuição dos gastos em todos os setores do Estado, especialmente na área
social. A proposta da fixação do teto dos gastos normatizou esta iniciativa.
A questão é que, até 2014, mesmo com significativos avanços na área social, somados ao pleno emprego e aumento do salário mínimo, o Brasil permaneceu com uma estrutura injusta e desigual. O aumento do salário mínimo e empregabilidade não foram suficientes como indicativos de uma nova ordem social. Sobreveio a crise de mais de dois anos e, esta afetou diretamente a população mais pobre. Se tomarmos o caso do emprego formal, só agora começam uns tímidos sinais de melhora. Mas o estrago já foi feito e a elevação das condições de vida dos brasileiros pode demorar um pouco mais.
A consequência direta disso é o aumento do percentual de brasileiros na linha da pobreza, pessoas com renda familiar per capita abaixo de R$ 230,00 por mês. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas aponta o número de 22 milhões de pessoas. O Banco Mundial afirma, por sua vez, que estes pobres são adultos, jovens, moradores das áreas urbanas e que estavam empregados no setor de serviços.
Estes fatos colocam a preocupação social como pauta necessária nos debates econômicos e políticos atuais e para 2018, ano eleitoral. A política, arte de “buscar o bem comum” e a economia, ciência que busca “cuidar das coisas da casa”, para que todos vivam com dignidade, devem se aliar neste intento. A preocupação com controle inflacionário, gastos públicos, salários, tem que estar correlacionadas com a preocupação com a superação da pobreza e a miséria. Além de estar nos projetos de governo em disputa deverão ser concretizados pois, quem tem fome não pode esperar.