Estamos na primeira semana de 2018. Já comemoramos a passagem de ano, fizemos nossos planos, assumimos compromissos, pessoais e coletivos, em vista do ano que se inicia. Tudo isto é muito bom. Diz respeito a dinâmica da vida. É o nosso fluxo vital que continua intenso. Quem planeja, se compromete, se organiza; diz que quer continuar caminhando. Apesar das dificuldades, problemas e superações necessárias, sigamos nosso caminho. É dialética da vida que segue com momentos de turbulência e momentos de calmaria, tranquilidade; e certamente crescimento pessoal.
Além da necessidade de avançarmos no ciclo da vida, é importante assumirmos alguns princípios. Neste ano, tenhamos presente a dimensão do cuidado. O termo cuidado se origina da palavra latina cogitare, que implica em reflexão, planejamento, organização. Também tem a ver com cura, ou seja, a atenção ao corpo e ao espirito em perspectiva pessoal. Se amplia para a atenção e carinho com quem está ao redor, sobretudo quando necessitado. Assumamos a dimensão do cuidado como a atenção necessária a alguém.
De quem?
Primeiramente de nós mesmos. Aqui, da pessoa, do indivíduo. É o cuidado pessoal que implica na autoestima, no querer-se bem, no zelo. Cuidado pessoal porque somos filhos de Deus (1Jo, 3,2) além de criaturas. Alguém nos criou por amor. Também porque estamos inseridos em uma teia de relações na qual somos importantes. O cuidado pessoal é responsabilidade conosco e com as pessoas que nos amam e querem o nosso bem. Não é um cuidado egoísta, fechado. É sóbrio e lúcido porque a pessoa considera o seu valor e sua dignidade no mundo sem estar fechada em si mesma.
Estende-se o cuidado a quem está mais próximo, à família, com certeza mediado pelo amor. É mais exigente porque se depara com outra vontade, com a liberdade da outra pessoa; por ali perpassa o afeto, atenção, a boa palavra, mesmo com as conflitividades da relação familiar. Não é bom deixar um familiar sofrer por falta de cuidado. Este compreende o gesto, a palavra, o olhar. Não esqueçamos neste ano de cuidar da família. Pode não ser a ideal, mas é a nossa família. Lembremos também de nossos amigos e amigas, preciosidades que Deus colocou no caminho. O Mestre de Nazaré ensinou o como é importante cuidarmos dos amigos. Ele fazia isto com esmero, colocando a pessoa humana acima de tudo.
Amplia-se para o cuidado ao lugar onde moramos, seja bairro, cidade. O mundo não se encerra dentro da casa, no espaço de vida familiar. Aqui surge a dimensão da cidadania, o agir cidadão, a preocupação com o nosso lugar de vida.
Indo além ver-se-á o cuidado com a nossa casa comum, o nosso Planeta, aliás, ultimamente vítima do descuido (ausência de cuidado) em nome de outras prioridades. Lembremos que Deus nos fez zeladores e cuidadores do mundo criado (cf. Gn 2,15). Cuidar da casa comum eis outra tarefa, grave e urgente.
Entremos neste novo ano assumindo o compromisso de cuidadores. Certamente será um ano mais leve, mais humano, mais cristão.
Pe Ari Antônio dos Reis