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Papa Francisco está visitando o Chile e depois irá ao Peru. Chamo a atenção
para algumas dimensões desta viagem do Papa que nos ajudam a compreender os
desafios a Igreja Católica aqui em missão. São desafios amplos porque a
evangelização implica em atuar no mundo segundo o princípio do anuncio da boa
nova e transformação das realidades, em comunhão com o Reino querido por Deus.
A primeira dimensão é o reconhecimento da vivacidade da Igreja presente na América latina. Desde 1968, com a Conferencia de Medellín, a Igreja presente no continente latino-americano ousa em pensar com seriedade os princípios da ação evangelizadora. As experiências quanto à evangelização são uma boa referência para o mundo todo, ou seja, temos algo a comunicar sobre o seguimento de Jesus Cristo que pode ajudar as outras Igrejas e, com certeza, manter esta dinâmica.
Segundo, algo já manifesto por ocasião do anuncio do Sínodo para a Amazônia, a preocupação com a situação dos povos indígenas presentes nestes países. Muitos povos estão ameaçados em sua sobrevivência física e cultural. A Igreja tem a urgente missão de ser solidária com estes povos, os primeiros habitantes destas terras. Nisto o Papa está sendo fiel ao que o Documento de Aparecida já defendia: como discípulos e missionários a serviço da vida, acompanhamos os povos indígenas e originários no fortalecimento de suas identidades e organizações próprias, na defesa do território, na educação cultural bilíngue e na defesa seus direitos. Comprometemo-nos também a criar consciência na sociedade a respeito da realidade indígena e seus valores, através dos meios de comunicação social e outros espaços de opinião (DAp 530).
O Papa não deixará de chamar a atenção para o uso sóbrio e racional dos recursos naturais em vista do zelo pelo Planeta Terra. Desde a publicação da Encíclica Laudato Si o ele pautou definitivamente esta temática, já tratada pelos seus antecessores e outros líderes religiosos, da qual podemos extrair alguns princípios: 1- a terra é a nossa casa comum; 2- a terra e a humanidade estão doentes; 3- questões sociais e questões ambientais estão interligadas; 4- o paradigma tecnocrático como orientador das relações é limitado; 5- faz-se necessário uma nova forma de relações entre os seres humanos e com o mundo criado. Certamente em visita ao Peru que tem em sua área parte da Floresta Amazônica retomará esta temática. E ela é de interesse mundial porquê da preservação da Amazônia depende o equilíbrio climático, não só do Brasil, mais do mundo.
Não temos dúvida que o Papa é um líder mundial e sua influência vai além da esfera católica. Seria muito bom estarmos atentos as suas manifestações. Ele tem algo a dizer para toda a humanidade e, certamente, será de muito proveito.
Obs: Um tempo de férias faz bem. Até breve.