A inocência e espontaneidade das crianças são admiráveis. Muitas vezes nos desarmam e nos deixam sem possibilidade de reação.
Foi assim numa sala de aulas. Transcorria entusiasmada animação vocacional, quando um membro da equipe, repleto de recursos pedagógicos, em suas colocações sobre a vocação e a vida futura de cada pessoa, foi surpreendido pela espontaneidade dos alunos. Ele visava uma interação maior com os estudantes e costumava ajudá-los induzindo-lhes a resposta certa a cada pergunta, com a sílaba inicial da palavra pretendida.
Ao motivar a necessidade do estudo, para mais tarde terem um bom trabalho, tentou resumir sua colocação com perguntas:
- Vocês gostam de estudar?
- Siiiiim! – foi a reposta unânime de todas as crianças.
E querendo motivá-los para um bom trabalho, completou com uma pergunta que sugeria esta resposta:
- Então vocês estudam para conseguir mais tarde um bom tra...?
- tor! – completou rapidamente um menino desatento.
Acalmada a situação e não se dando por vencido, continuou em forma de perguntas a resumir sua colocação. Quando, todavia, quis valorizar o seminário, não se deu bem.
- E quando um jovem deseja ser padre, vai estudar num lugar chamado semi...?
- tério – completou outro menino, induzido a completar a palavra rapidamente.
Não havendo mais condições para prosseguir na síntese de sua palestra, pois, a gargalhada tomou conta da sala, o coordenador convidou a todos para permanecerem em pé, iniciando um alegre canto ao ritmo do violão.
Não se deve induzir a outrem ao erro. Cria-se um ambiente de insegurança. As crianças são vítimas fáceis do mundo malicioso dos adultos. O mau exemplo arrasta e conduz à mentira e à falsidade. Nada melhor do que a transparência e a verdade.
A Fundação Cultural Planalto de Passo Fundo salienta que o texto reflete a opinião de seu autor.