Ao visitar a sepultura de uma pessoa amiga, falecida
há pouco tempo, da qual não pude participar do enterro, encontrei-me ali com
uma senhora de idade que sempre ajudava nossos seminaristas e nosso seminário.
Depois de por em dia as novidades, perguntei-lhe:
- Veio rezar por uma pessoa falecida?
- Sim! E trouxe junto três netos, que estão passeando na casa da avó. Dois meninos de oito anos e uma menina, de sete.
- E eles estão aqui? – continuei o diálogo.
- Sim! Estavam aqui comigo. E aonde foram? – continuou a perguntar-se para si mesma.
E começou a caminhar procurando avistá-los entre as fileiras de jazigos e túmulos. E ao avistá-los, reparou que eles corriam de um túmulo a outro, com vasos de flores em suas mãos. Chamou-os junto a si, apresentou-os ao padre e perguntou-lhes:
- O que estavam fazendo com as flores?
E um menino logo respondeu:
- Ah vó! Nós estávamos distribuindo dois vasos de flores para cada um, porque uns tinham bastante e outros nada.
E a netinha logo acrescentou:
- Dizem que no cemitério, todos são iguais. E como é que uns têm mais flores do que outros? Não está certo!
E a avó ficou admirada com o gesto dos pequenos, que cultivavam em seus corações sentimentos de igualdade, sem resquícios de discriminação e acúmulo de bens.
Sabe-se que ninguém leva nada deste mundo. Todavia, as pessoas vivem como se o capital acumulado aqui na terra tivesse consideração lá no céu. A prosperidade na terra não é nenhuma predileção de Deus, nem indicação de pessoa bem-amada. Deus recompensa as pessoas olhando para o coração, pelo grau de amor que conseguiu alcançar e pelo bem que fez aos outros.
*A Fundação Cultural Planalto de Passo Fundo salienta que o texto reflete a opinião de seu autor.