Senhor fazei de mim
um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio que eu leve o amor... (Francisco de Assis)
Na semana passada foi noticiada a morte violenta de Marielle Franco, vereadora da cidade do Rio Janeiro e militante histórica dos Direitos Humanos e seu motorista Anderson Gomes. A morte de Marielle parece que acordou a população sobre a onda de violência que há tempos vem assolando a sociedade brasileira. Esta atinge a todos: cidadãos, policiais, políticos, educadores, etc. Atinge especialmente, e de forma mais intensa, a população mais pobre.
Não há como desconhecer este contexto preocupante. É fato. Contudo é preciso dar outro passo e a Campanha da Fraternidade deste ano vem alertando sobre esta necessidade. A pergunta de fundo é “quais são os processos possíveis para superação da violência? ” Que o Espírito Santo nos inspire neste passo, pois como diz Mateus “somos todos irmãos”.
Chamo atenção para outra realidade que gerou comoção e preocupação: os tantos comentários desprovidos de veracidade que circularam pelas redes sociais em referência ao assassinato de Marielle. Eram comentários fundados no preconceito e em fatos mentirosos, os quais foram postados ao público sem nenhum critério, ou seja, sem averiguar se era verdade ou não. A preocupação não era com a verdade, muito menos em demostrar solidariedade para com as famílias enlutadas, mas destilar ódio e preconceito via redes sociais na ingenuidade de que são “território sem lei”. A violência do ato que ceifou a vida de Marielle e Anderson se complementou com a violência da palavra, também muito perigosa pela capilaridade. Se espalhou pelas redes sociais e muitos a tiveram como verdadeira.
Diante destes fatos lembramos a carta de Paulo à comunidade de Éfeso: “Por isso abandonai a mentira e falai a verdade cada um ao seu próximo, porque somos membros uns dos outros. Não saia de vossos lábios nenhuma palavra inconveniente, mas na hora oportuna, a que for boa para a edificação, que comunique a graça aos que ouvirem (Ef 4, 25. 29)”.
Lembremos que o compromisso com a verdade é um dos passos necessários para a superação da violência. E a rede social é o novo território desta militância. Fundamenta-se na busca do bem e na construção de relações de fraternidade e solidariedade. É o que nos faz humanos e capazes de levar a luz onde houver trevas.
*A Fundação Cultural Planalto de Passo Fundo salienta que o texto reflete a opinião de seu autor.