Foi
amplamente divulgado nas redes sociais o escrito da desembargadora carioca
Marília Castro Neves em relação ao assassinato da vereadora Marielle Franco e
seu motorista Anderson Gomes. Em uma
rede privada de amigos insinuava que a vereadora assassinada era “engajada com
bandidos”.
O escrito divulgado gerou uma onda de comoção em todo o país, sobretudo pela forma como abordou o assassinato, a partir de uma notícia falsa. Na mesma época se divulgou outro comentário da desembargadora, desta vez em relação a uma jovem com Síndrome de Down que era professora, um comentário nada edificante, que rendeu de parte da jovem professora uma carta resposta. A jovem Debora Seabra escreveu à desembargadora dizendo do bem que fazia às crianças enquanto professora.
Passado um tempo a desembargadora usou as redes sociais para se desculpar com a jovem professora Debora Seabra, à memória da vereadora Marielle e ao deputado Jean Willis, também mencionado nos comentários anteriores. Destaco dois trechos da carta escrita a jovem professora. O primeiro é o agradecimento pela provocação à reflexão: “Estou escrevendo para agradecer a carta que você me mandou e lhe dizer que suas palavras me fizeram refletir muito. Bem mais do que as centenas de ataques que recebi nas últimas semanas. Desculpe a demora na resposta, mas eu precisava desse tempo”.
Segue de um pedido explicito de perdão: “Perdão, Débora, por ter julgado, há três anos atrás, ao ouvir de relance, no rádio do carro, uma notícia na Voz do Brasil, que uma professora portadora de Síndrome de Down seria incapaz de ensinar. Você me provou o contrário”.
Todos erramos, temos lá nossos preconceitos, julgamos de forma precipitada e por vezes seguimos a “onda do momento” sem subir a montanha para olhar a realidade de forma diferente. Agimos sem refletir sobre nossos atos. Tudo isso gera sofrimento. Sofre a pessoa e sofre quem foi atingido pelos equívocos. Alguns são irreparáveis.
Mas o ser humano é capaz de outros passos, outras atitudes. Reconhecer o erro, voltar atrás, pedir perdão. Via redes sociais pessoas foram ofendidas. Vias redes sociais pessoas, receberam o pedido de perdão.
Errar é humano. Pedir perdão, tentar acertar é demasiadamente humano. É este mistério, esta grandeza da alma que nos faz especiais na criação.
*A Fundação Cultural Planalto de Passo Fundo salienta que o texto reflete a opinião de seu autor.