Estamos acompanhando
o debate sobre os horários de abertura do comércio nos domingos e feriados. O
debate coincide com a possibilidade da vinda de uma grande empresa da área
comercial para Passo Fundo que, segundo se divulga, geraria muitos empregos.
Esta empresa coloca alguns condicionamentos para se instalar na cidade, dentre
eles a revisão das folgas nos domingos e feriados, já acordados anos atrás pela
classe patronal e trabalhadora.
E importante pautar este debate. É necessário ouvir todos os envolvidos e interessados na questão. De um lado está a abertura de vagas de trabalho em uma realidade onde o emprego formal continua escasso. De outro lado estão os direitos dos trabalhadores empregados neste ramo da economia, forte na cidade. Há de se ter o cuidado de, sob o argumento do fortalecimento da economia e criação de empregos, desconhecer os direitos básicos da classe trabalhadora. Felizmente o direito a associação sindical, válido tanto para a classe patronal como para a classe trabalhadora contribui nestas mediações.
Faz necessário o direito da folga semanal em outras dimensões, para além do trabalho como mero gerador de riquezas. O ser humano é muito mais do que uma máquina de trabalhar.
Precisa do descanso, da convivência familiar, do cultivo de amigos, do lazer. Precisa também do tempo para exercitar a sua dimensão religiosa, seja a qual for que pertença. O descanso semanal no domingo tem esta dimensão humana ampla que deveria ser considerada nas relações trabalhistas. Lembremos a profundidade do texto bíblico: no Sétimo Dia o Criador descansou depois de ter abençoado todo o trabalho que tinha feito (cf. Gn 2,3).
Nestes debates, além do exercício do diálogo, cabe lembrar que a economia é para o ser humano e não o ser humano para a economia.
*A Fundação Cultural Planalto de Passo Fundo salienta que o texto reflete a opinião de seu autor.