Num domingo de
manhã, tendo aberto as portas da igreja para a reza da missa, dirigi-me para a
sacristia, para verificar se tudo estava preparado para a celebração. Escutei,
todavia, passos de alguma pessoa caminhando. Estranhei que alguém viesse tão
cedo. Espiei para dentro da igreja e verifiquei a presença de um senhor baixo,
de meia idade, bem vestido, de óculos e de aparência saudável. E ao enxergar-me
veio em direção da sacristia.
- Bom dia padre! Poderia informar-me a que hora é a missa? – Saudou-me fazendo a pergunta que geralmente os padres mais ouvem.
Não havia terminado de saudá-lo e dar o horário certo, ele interrompeu-me espantado:
- Padre, o senhor está com um paciente aqui. Sou médico. Posso atendê-lo.
E já foi-se dirigindo em direção ao suposto doente. Todavia, quando percebeu o engano, deu-lhe um ataque de risos e foi sentar-se num banco da igreja, onde permaneceu um bom tempo até conseguir acalmar-se.
Acontece que a paróquia adquirira uma imagem de Jesus Morto e estava provisoriamente colocado em cima de uma mesa na sacristia. A imagem era bem-acabada, que aparentava uma pessoa deitada, donde veio a confusão do médico.
Quando consegui falar com o devoto de Santo Antônio, desculpava-se que viria num outro domingo cumprir sua promessa nessa igreja, pois naquele dia não teria condições de concentrar-se em oração.
As pessoas gostam de fazer promessas. Todavia, são válidas quando elas mesmas as cumprem e não quando outros precisam cumpri-las. Também não se deve negociar graças com Deus ou com um Santo, prometendo trocas pelos favores recebidos. Qual é o sentido de uma promessa feita a um santo? E você sabe agradecer?
*A Fundação Cultural Planalto de Passo Fundo salienta que o texto reflete a opinião de seu autor.