Neste tempo em que estão sendo ventiladas as
candidaturas à presidência da república, aos governos estaduais e suas
respectivas câmaras legislativas, é importante pensar alguns princípios que
poderiam ajudar na superação deste período de crise que estamos vivendo. Cabe
insistir que a eleição, por si só, não resolverá nossas dificuldades, contudo
terá grande poder de alavancar um processo de mudança. O governante eleito
precisará da legitimidade do voto, e moral, para sugerir um novo projeto para o
Brasil. Esperamos que os brasileiros, ao votarem, analisem a sua proposta de
governo que é a carta de apresentação do candidato aos eleitores.
Ouso a sugerir três elementos fundamentais que deveriam ser considerados em uma proposta de governo que ajudaria o Brasil a superar a crise. Versa sobre a economia, a ética e a reconciliação nacional. Existem outras. Na ocasião trato destas.
Quanto a economia temos visto que o crescimento do PIB, ainda pequeno, sofreu um baque com a greve dos caminhoneiros. Voltamos a marcar passo. São quase quatro anos de crise. A proposta econômica para um Brasil justo e com condições de superar a desigualdade histórica se assenta no equilíbrio das relações de mercado. O fato da presidência da Petrobras ter privilegiado o mercado internacional na política de preços gerou os fatos presenciados nas semanas passadas. O mercado atente os interesses de uma parte mínima da população e não tem a solução de todos os problemas da sociedade. Ele precisa de um mínimo de regulação e diálogo com a sociedade. A economia (ciência que cuida das coisas da casa) tem sentido ao equilibrar as relações de mercado com a estruturação de uma sociedade equilibrada voltada a superação da pobreza e da miséria. Um dos pilares desta proposta econômica é geração de empregos formais, com direitos garantidos e salários justos.
No que diz respeito à conduta ética, o novo governante deverá ser uma pessoa acima de qualquer suspeita. Pode parecer exagero, mas se em 2019 tomar posse uma pessoa sob suspeita, hesitaremos em acreditar na sua proposta e ele terá dificuldades em levar para frente um projeto de Brasil. Assim como o chefe do executivo, o ministério escolhido também será exigido no mesmo padrão. O atual governo federal se caracteriza mais por investigações da Policia Federal e do Ministério Público do que por iniciativas voltadas ao bem do Brasil. O Brasil precisa de um presidente honesto e de ministros igualmente honestos. Infelizmente aquilo que seria pressuposto indiscutível no agir cidadão, se faz exigência do processo eleitoral.
A terceira exigência tem acento na habilidade política. Nosso pais, além da crise, vive um profundo acirramento social. É preciso pensar um processo de reconciliação nacional. Ele será muito complexo porque os conflitos têm diferentes matizes e origens. Caiu o mito do brasileiro cordial e bonzinho. Mostramos as garras. É necessário buscar os fundamentos e os critérios para este processo de reconciliação. Compreendo que passa para superação da desigualdade e injustiça social. Um país com tanta desigualdade terá muitas dificuldades de construir um processo de paz. Mas ela é possível se alcançarmos um mínimo padrão de igualdade social que compreende o acesso à educação e saúde de qualidade; emprego e renda; boa infraestrutura para viver. É déficit social a ser superado.
Não deixemos de ter esperança. Não deixemos de nos responsabilizar pelo futuro do nosso país. Ele passará pelas eleições, na escolha de um projeto para o Brasil, dentre outras iniciativas.