A reunião de avaliação diocesana discorria sobre os
maiores problemas encontrados na ação pastoral e que dificultavam sua unidade.
Cada um dos presentes partilhava seu ponto de vista sobre este ou aquele assunto.
Uns apresentavam diagnósticos alarmistas, outros bastante otimistas e outros
ainda, apresentavam previsões apocalípticas. Percebia-se claramente diferentes
correntes de pensamentos teológicos, de ação pastoral e de interpretação da
realidade social.
Um dos presentes partilhou um fato que tocou profundamente seu sentimento religioso: em determinada igreja, ao abrir o sacrário, no momento da distribuição do pão eucarístico, encontrou pão caseiro dentro do tabernáculo, junto com as tradicionais partículas, como reserva eucarística. Alguém havia celebrado a missa naquela semana, com orientação litúrgica diferente da tradicional e havia colocado, junto com as hóstias consagradas, o pão que sobrara. Concluiu para os presentes, sua total desaprovação a este procedimento.
E o Pe. Cláudio observou-lhe de pronto:
- O problema não é o pão, mas o que tem por trás deste pão.
O depoente, tomado de surpresa pela observação inesperada, solicitou-lhe uma explicação:
- Podia esclarecer melhor seu comentário?
E ele prontamente esclareceu seu ponto de vista:
- O que há por trás desse pão? - São as ideias! – arrematou para elucidar sua perspicaz observação.
Confirmou-se mais uma vez que primeiramente passam as ideias e depois passam os canhões.
As ideologias, como programas de ação, sempre estiveram presentes na humanidade. Há um desejo latente de dominação. Esta vem pela doutrinação sistemática em torno de um tema que, no início disfarça valor insignificante, mas de tanto martelar consegue impor-se como verdadeiro. E depois que a pessoa se fanatizou, dificilmente muda de opinião, pois ela está fechada a outros pontos de vista, desta ou daquela realidade.