Depois de animada palestra sobre a religiosidade
popular, com apresentação de várias pesquisas, eis a tarefa para todos os
participantes, para ser realizada na parte da tarde: cada um visitará uma
igreja, oratório, ou santuário e entrevistará um devoto sobre o culto ao santo
ou à santa de sua devoção. Munido de gravador, para comprovar a autenticidade
da entrevista, cada um partiu para o local previamente indicado. O objetivo da
pesquisa era descobrir se o devoto cultuava ou adorava o santo, se havia confusão
entre a imagem feita de gesso e uma divindade.
Chegado à igreja onde se concentravam muitas pessoas para acender velas ao santo ou à santa de sua devoção, aproximei-me de uma senhora muito simples, compenetrada em suas orações, diante de uma imagem de Santa Rita de Cássia, num altar lateral do templo. Encontrava-se com as duas mãos erguidas, segurando numa das mãos uma vela acesa e na outra um terço. O olhar fixo na imagem deixava dúvidas sobre a autenticidade dessa devoção: Sabia distinguir a representação da santa nesta efígie ou seria para ela uma deusa?
Após concluir suas orações, aproximei-me para a entrevista, que aceitou com alegria. Não nos conhecíamos e nem me identifiquei como padre. Expliquei minha participação num curso sobre a doutrina cristã e a tarefa proposta pelo professor. Após certificar-me que ela conhecia muito da vida da santa, cheguei à pergunta que mais me interessava:
- A senhora está adorando esta santa, como se fosse uma deusa ou esta imagem é apenas para recordar a vida da santa?
- Não senhor! Não estou adorando a santa Rita, porque a gente adora somente a Deus. Se a gente quisesse adorar alguém aqui na igreja, teria que ser Jesus, lá no sacrário em frente, na hóstia sagrada. Aqui, é somente uma imagem de gesso que me faz recordar os sofrimentos de uma mãe, que sofreu da mesma forma como eu estou sofrendo em minha família.
- Mas a senhora sabe que tem gente que diz que há católicos que adoram santos?
- Isso é mentira, porque todos sabem que esta imagem é de barro ou gesso, que recorda gente que viveu como nós. E Deus é espírito que não dá para representar em imagem. Eu não sou louca para fazer uma confusão dessas.
- Rezando para esta santa é a mesma coisa que rezar para Deus?
- Não, Senhor! – respondeu ela de maneira firme e decidida. Se o senhor tem dúvidas sobre isso, pergunte ao nosso padre que está ali na salinha, atendendo as pessoas. Ele lhe explica muito bem este assunto. Vi que o senhor precisa clarear suas ideias, porque o povo não faz essa confusão.
Ficou impaciente e pediu para retirar-se. Agradeci. Fiquei admirado com a clareza que as pessoas têm em relação ao culto aos santos e santas.
Há muitas acusações levianas em torno da capacidade humana de cultuar um santo e adorar ao Deus único e Onipotente. Essas acusações não têm seriedade, pois. são provocações levianas. Não há desejo sincero em relação à verdade bíblica, pois as mesmas fontes que usam para acusar podem ser usadas para condenar. Há necessidade de correta interpretação dos fatos e dos dados contidos na Sagrada Escritura.