Solução para tudo

Postado por: Adalíbio Barth

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Muitas vezes se encontram pessoas competentes em alguma função, pois, vida inteira atuaram no mesmo trabalho. Foi o que aconteceu com uma pesquisadora de mercado.  Todos os dias estava atenta às tendências do comércio e suas consequências. Quem a visse andando nos corredores da repartição, sempre a encontrava com papéis em suas mãos, cheias de números e tabelas. Em cima de sua mesa de trabalho, havia pilhas de folhas de pesquisas feitas ou por fazer. Era especialista em números num dia e números diferentes no outro dia.

Um dia se aposentou. Seu desejo era atuar numa obra social, ajudando às pessoas mais necessitadas. Conseguiu integrar uma entidade, composta de voluntários que se dedicava ao serviço de ajuda aos pobres e doentes, desprovidos de recursos. Levou para o serviço social a experiência de uma vida dedicada à pesquisa de mercado, lidando com números, dados da realidade e tendências futuras.

Conseguiu uma sala para o seu trabalho. Instalou-se ali com todos os recursos ao seu alcance, para iniciar a ação social. Com sua fácil comunicação, não tardou ser eleita a coordenadora da entidade.

O grupo de voluntários dedicava seu tempo para motivar e matricular jovens das vilas da redondeza para os cursos profissionalizantes oferecidos na cidade. Possuíam longa lista de profissionais que se formaram devido ao incentivo do grupo. E isto os motivava sempre mais, pois constatavam que as famílias agora se auto sustentavam e não precisavam mais de auxílio social.

A nova coordenadora conseguiu transferir para a entidade social o método de trabalho que executou durante toda a sua vida profissional. Convenceu a todos de que a melhor coisa que poderiam fazer, eram pesquisas. Agora, todos saíam pelas vilas, com folhas de pesquisas, para obter dados sociais das famílias ali residentes. E convenceu a todo grupo de voluntários de que este é o método correto de trabalho com os pobres e necessitados. Após um ano de preenchimento de questionários, o grupo sabia dizer a todos, quantos casebres havia na vila, quantas crianças viviam na rua, quantas famílias desfeitas e as profissões mais frequentes.

Os pobres começaram novamente a bater na Entidade pedindo alimentos. Nenhuma pessoa foi encaminhada para um curso profissionalizante. Ao procurarem emprego, as pessoas sentiam a falta de competência profissional. O grupo de voluntários perdeu a motivação para a ação, pois, não sentiam nenhum prazer, nem gratidão pelo trabalho realizado durante um ano. Houve uma dispersão geral dos membros.

O que uma pessoa sabe não é útil para tudo e para todos, nem serve em toda parte e em qualquer lugar. Só porque o peixe nada, temos que aprender a natação? Só porque as aves voam, precisamos aprender a voar? Quantos anos de vida, as pessoas perdem em aprender coisas inúteis? Só porque alguém tem este ou aquele dom, a humanidade toda precisa aprender também este ou aquele assunto? O importante é admirar e apreciar o conhecimento e as qualidades dos outros, mas não se pode concluir que é a solução para todos os problemas do mundo.

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