Algo significativo
está acontecendo em Roma, o Sínodo sobre a Evangelização da Juventude. A
palavra Sínodo, oriunda da língua grega, significa “caminhar juntos”. A prática
assumida pela Igreja diz respeito à encontros com a finalidade de refletir
assuntos referentes a missão evangelizadora. No passado sempre que era preciso
debater um assunto importante e de grande interesse para a missão, os bispos se
reuniam num mesmo lugar, até chegarem a uma conclusão, e a partir daí todos
passavam a “caminhar juntos”.
Evangelizar significa, dentre outras coisas anunciar a boa nova de Jesus para transformar as pessoas, segundo os critérios do Reino de Deus anunciado por Jesus. É bom lembrar que a juventude é uma interlocutora especial na ação evangelizadora da Igreja por alguns motivos.
Devido a situação da vida da juventude, ainda o maior contingente populacional em muitas regiões. Alguns segmentos vivem situações de extrema vulnerabilidade social, com a existência ameaçada, sobretudo pela violência. É importante este olhar carinhoso e comprometido da Igreja para os jovens. É o olhar da mãe preocupada com seus filhos.
O segundo motivo diz respeito ao protagonismo dos jovens na própria evangelização. A Igreja não pode dispensar esta força. Contudo deve-se ter o cuidado de não fazer da juventude uma mera acolhedora e transmissora de decisões tomadas por outros, mas ter a abertura e sensibilidade de contribuir para que juventude mesma assuma este compromisso. Nisto lembramos a experiência do apóstolo Paulo com o jovem Timóteo. Implica na disposição de caminhar junto, como o próprio nome Sínodo indica, assumindo as responsabilidades e as consequências desta decisão.
O terceiro motivo compreende-se a dimensão profética da juventude. Se visitarmos a história do cristianismo, encontraremos muitos jovens que exerceram a profecia com coragem, ao ponto de colocarem suas vidas em risco. No passado recente brasileiro muitos jovens cristãos se arriscaram no combate à ditadura. Não fizeram isso a partir de uma ideologia partidária, mas como compromisso de fé. Em meio a tantas pautas conservadoras que tentam os jovens, tem-se a tarefa de ajudá-los a compreenderem a importância da profecia. Ela não é um apêndice da fé cristã, mas constitutiva mesma. Ainda ligado a este ponto cabe ajudá-los a superar um saudosismo de algo não vivido, muito em moda hoje. Aqui compreende-se o desafio do exercício pedagógico de caminhar junto e ter a coragem de apontar caminhos.
Temos uma grande força na difícil tarefa de evangelizar. Não podemos desperdiçar esta energia. Alguns desafios deverão ser enfrentados os quais enumero: a) assumir as consequências de uma opção pela juventude; b) escutar os jovens sobre seus anseios e preocupações, uma escuta atenta e comprometida; c) dar leveza a ação evangelizadora tendo cuidado com o excesso de burocratização e centralização pastoral; d) provocar a dimensão comunitária do exercício da fé, presente na juventude mas as vezes mal compreendida; e) acolher os jovens e a sua capacidade de exercitar os serviços e ministérios na comunidade e na sociedade enquanto jovens; f) compreender que não existe uma única juventude e abrir-se para a diversidade das expressões exercitando com zelo e atenção a tarefa orientadora.
Que o Sínodo ajude a nossa Igreja a continuar olhando com carinho para a juventude.