Estamos
na reta final da campanha eleitoral para a Presidência da República, com os
dois melhores colocados na eleição do dia 07 de outubro, disputando o segundo
turno. Insiste-se que, para além das paixões para o lado A ou B, se acompanhe
as propostas de governança do Brasil. Um dos temas importantes é a questão
ambiental. O fato do Papa Francisco lançar em 2015 a Encíclica Laudado Si’,
sobre o cuidado da casa comum, o planeta Terra, revela amplitude do debate.
Chamo a atenção para duas expressões descritas na Encíclica. A primeira afirma: “entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada” (LS 25). A segunda expressão diz: “uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres” (LS 49).
A preocupação com a ecologia não é uma questão secundária. Também não é bandeira ideológica deste ou aquele grupo. Com certeza não é entrave ao desenvolvimento dos povos. A pauta sobre a questão ecológica em suas diferentes dimensões tem movimentado os diferentes grupos sociais, devido aos sinais de transformações profundas no equilíbrio ecológico. O Brasil sediou em 1992 a “ECO 92” e em 2012 a “Rio+20”, encontros com os chefes de Estado para tratar da questão ecológica na perspectiva de harmonizar o desenvolvimento econômico com a questão ambiental.
No ano de 2012, em evento paralelo a Rio+20, o movimento social mundial organizou a Cúpula dos Povos pautando a mesma questão sob a perspectiva da sociedade civil. Os debates têm sido acirrados porque existem muitas questões em jogo, sobretudo sobre o modelo de desenvolvimento que se quer para o mundo. Não há como esquecer que a preocupação principal é o futuro do planeta como alerta o Papa Francisco.
Prestemos atenção sobre o que se tem dito nesta campanha sobre a questão ambiental. Quais as propostas para preservação da Amazônia e dos outros biomas brasileiros, dos povos tradicionais que, segundo Papa Francisco, são quem melhor cuida dos territórios. Vejamos os planos de governo que fortalecem as instituições que protegem a fauna e a flora, como o Ibama, o Ministério do Meio Ambiente, e também as organizações da sociedade civil.
Por traz do discurso está um projeto e devemos avaliar se tal projeto enseja a responsabilidade pela preservação ambiental ou sustenta um desenvolvimentismo irracional e comprometedor do futuro do planeta. A questão ecológica não secundária porque futuro da humanidade e da sua casa comum não secundário.