O que aprendemos de Mariana e Brumadinho!

Postado por: Ari Antônio dos Reis

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Ainda estamos consternados pelas vidas ceifadas no recente desastre ambiental de Brumadinho. Pior do que as perdas é a dúvida de ainda se encontrarão os corpos das vítimas desaparecidas. Há três anos atrás o luto foi pelas vítimas de Mariana, quando se rompeu uma barragem com dejetos minerais atingindo o distrito de Paulo Bento. Desta vez o desastre foi de maiores proporções.

Muitos evitam usar a palavra acidente porque o acidente é um fato inevitável. O que aconteceu nas duas localidades poderia ser evitado se as normas de segurança tivessem sido consideradas.

A partir deste sofrimento cabe olharmos com atenção algumas considerações sobre as que atividades produtivas de impacto ambiental e na vida população local, dentre elas a mineração.

Primeiro lembrar que para além de uma economia focada apenas no lucro existem princípios éticos universais a serem considerados.  O mercado não pode tudo. O Papa Francisco afirmou na encíclica Laudato Si que o mercado, por si só, não garante o desenvolvimento humano integral nem a inclusão social (cf. LS 109). É um risco confiar cegamente no poder do mercado articular as relações sociais com justiça e equidade. Em nome do aumento da produção e do lucro a empresa Vale foi negligente quanto a segurança. Mesmo com forte influência na geração de emprego e renda na região, não poderia ter cometido este equívoco. Cabe a pergunta: as vidas ceifadas têm preço?

O segundo diz respeito ao custo ambiental da produção.  Apesar da pressão sobre o Brasil no que diz respeito a produção primária, deve-se medir os custos desta produção para o ambiente e a população atingida. A mineração é uma atividade de alto custo em termos financeiros. É também uma atividade de grande impacto ambiental. Esgota-se a produção e ficam as “feridas” no ambiente que foi explorado. Apesar do atual ministro do meio ambiente ter falado sobre a flexibilização da legislação ambiental, considerada por ele muito exigente, vê-se, a partir desta tragédia, a necessidade de cada vez mais atenção quanto aos impactos ambientais das atividades produtivas sobretudo a mineração e a agropecuária. Não se nega a importância econômica de tais atividades. Contudo, é cada vez mais necessário certo monitoramento sobre os seus impactos no ambiente.    

A terceira consideração diz respeito ao papel do Estado frente as atividades produtivas. A empresa tem uma função social lembrava São João Paulo II na encíclica Centesimus Annus. Ligado a este princípio está a responsabilidade social da empresa que é muito mais do que um ou outra doação caritativa.  A reponsabilidade social exige do Estado e seus diferentes órgãos a fiscalização quanto a atividade produtiva, sob risco dela acontecer desconhecendo leis e normas, tanto ambientais como trabalhistas.

Que esta desgraça nos deixe mais atentos. O paradigma da produção tomado como único critério econômico é perigoso. Existem algo além do simples produzir. O valor da vida humana e do ambiente estão nesta referência.

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