Havia uma pessoa, em certa comunidade, muito preocupada com a sua própria imagem e a imagem da comunidade. Passava a ideia de que já sabia de antemão o que as pessoas opinariam sobre isto ou aquilo. Não assumia tarefas e questionava as intenções de quem quisesse assumir um serviço comunitário. Chegou ao ponto de tornar-se tão enjoado que, ninguém mais queria participar de qualquer reunião em que ele estivesse presente.
Alguém sugeria, na reunião, para promover uma janta de confraternização. Imediatamente já atalhava:
- Ah, mas depois vão dizer que a comunidade só quer dinheiro!
Outro sugeria fazer uma campanha em favor de uma família carente que perdera o pai, o sustento do lar.
- Ah, depois vão dizer, que estamos ajudando a quem não precisa! – intervinha, sem discutir maiores detalhes.
Alguém propôs organizar uma excursão até o Santuário de Aparecida.
- Eu sou contra, porque depois vão dizer que tem coisas mais importantes para se fazer – interveio, prevenindo possíveis comentários futuros.
Foi sugerido organizar um grupo de missionários, para fazer “missões populares”, dentro do planejamento diocesano.
- Ah, depois vão dizer que organizaram um grupo de fofoqueiros, para visitar as famílias.
E assim tornou-se impossível chegar a um acordo em qualquer assunto comunitário, sem que tivesse uma alfinetada de nosso desmancha prazer.
Nisto, alguém abriu a porta e gritou para dentro da sala de reuniões que havia fogo na casa do nosso sabe-tudo.
Ele saiu em disparada, deixando a todos sem saber o que fazer naquele momento.
- Vamos até lá? – sugeriu alguém na hora.
- Não! – foi a resposta de muitos, ao nível das discussões da reunião. – Depois vão dizer que fomos nós que colocamos fogo na casa.
Em qualquer ação comunitária corre-se riscos. Quem não arrisca, também não faz nada. Não é possível prever tudo o que pode acontecer após uma decisão. Evitam-se ao máximo os problemas vindouros, mas há imprevistos que devem ser resolvidos na hora em que surgirem. Precisamos ser sempre otimistas, crendo que nada de mal vai acontecer e que temos condições de resolver problemas que eventualmente surgirem.