Certa vez, cheguei a uma
comunidade do interior, chamada São Valentim, num dia de festa. Todos já
estavam prontos para a costumeira procissão. Como ainda não conhecia bem o
local, pois era a primeira vez que viera ali, entrei na capela, reparando suas
artes e a ornamentação do andor. Os festeiros já estavam postados para levar o
santo padroeiro em procissão. Reparei bem a imagem e o presidente da comunidade
estranhou o meu modo de conferir o protetor da capela e perguntou-me:
- Padre, o senhor reparou alguma coisa?
- Sim! – quantos anos vocês já tem essa imagem?
- Mais de setenta anos – interveio logo.
- E conseguem todas as graças por meio dele?
- Sim! – continuou meu interlocutor. – Aqui não falha nada. É santo forte.
Preparei-me para a procissão e a missa e fiquei a refletir para mim. Se a comunidade reza a São Valentim e leva a imagem de São Luís Gonzaga, já durante setenta anos e consegue tudo, então os santos realmente não têm nenhum ciúme entre eles.
E a procissão continuava com cantos e orações, intercalados com a saudação: “Viva São Valentim!”, erguendo São Luís Gonzaga e soltando foguetes ao falso padroeiro.
Para que alguém alcance a felicidade eterna, é necessário ter superado todo mal e viver na graça de Deus. Assim, quando não tiver mais nenhum resquício de ciúme de outra pessoa, está apta a participar da perene alegria, tornando-se santo. Nenhum santo que está no céu tem, pois, ciúme se rezarmos a este ou aquele santo. São nossos intercessores junto a Deus, que sabe o que nós precisamos.