Estamos
na primeira semana da quaresma, tempo litúrgico iniciado na quarta-feira de
cinzas. O rito das cinzas lembra duas dimensões da vida humana. A primeira
dimensão, segundo o texto do Gênesis, lembra que viemos do pó e ao pó
voltaremos (Gn 2,7). A segunda dimensão recorda o caráter penitencial da
caminhada quaresmal que acentua a necessária conversão da humanidade.
A recepção das cincas na fronte não pode ser um rito vazio. Ao receber as cinzas a pessoa manifesta a consciência da sua origem marcada pela fragilidade e, ao mesmo tempo, a disposição de assumir com coragem a caminhada quaresmal como um tempo de conversão pessoal, mudança de mentalidade e mudança de vida, como afirma o canto: eis o tempo de conversão eis o dia da salvação. Ao Pai voltemos, juntos andemos, eis o tempo de conversão.
Todo o ano é proporcionado este tempo de graça para as pessoas. Nele não se acentua a tristeza, a angústia ou o medo, mas a sobriedade vivencial e celebrativa e dos que buscam a comunhão com a prática de Jesus. Culmina na alegria da festa ressurreição, quando se canta a vitória da vida sobre a morte: oh morte onde está tua vitória. Cristo ressurgiu honra e glória.
Pela Palavra de Deus, refletida individualmente ou nas comunidades, é oportunizado acompanhar os momentos mais importantes da vida do Filho de Deus: a superação das tentações (Lc 4, 1-13); a transfiguração no Monte Tabor (Lc 9, 29-36); a explicitação do cuidado de Deus segundo a analogia da figueira estéril que recebe nova chance (Lc 13,1-9); a revelação do amor misericordioso de Deus segunda a parábola do filho pródigo (Lc 15, 11-32); a certeza de que Deus não condena ninguém previamente, mas quer a superação do pecado, segundo o texto da mulher adúltera (Jo 8, 1-11); a chegada em Jerusalém e a acolhida do pobres afirmando que Jesus era o “bendito que vem em nome do Senhor” (Lc 19, 28-40), celebrada no Domingo de Ramos. O tempo da quaresma encerra-se na missa da Ceia do Senhor quando começa o Tríduo Pascal.
Neste tempo é sugerida prática da esmola, do jejum e da oração como ações de encontro com Deus, com o outro necessitado e encontro pessoal, no desafio da purificação e conversão. Também é oportuno acompanhar a via-sacra, a memória celebrada da condenação, paixão, morte e ressurreição de Jesus.
Vivamos a quaresma. É um tempo de graça e de encontro com Aquele que deu a sua vida pela nossa salvação!