Ao concluir a celebração da
missa numa comunidade do interior, uma senhora veio falar-me sobre a vocação do
filho:
- Padre, queria falar sobre o meu filho.
Manifestou o desejo de ter um filho padre, a honra para a família, a tranquilidade na vida futura e um bom caminho de Deus. E assim falava, enquanto permanecia atento a escutá-la.
- Mas o rapaz está aqui, posso falar com ele? – interrompi a longa colocação.
- Não! Ele está em casa, não gosta de missa. A gente insiste, mas não quer.
- Ele está estudando? – perguntei, tentando descobrir algo marcante na vida dele.
- Não, ele não gosta de estudar – completou ela.
- Está trabalhando, num serviço urgente?
- Não! Ele não gosta de trabalhar.
Ante essas negativas, expliquei-lhe que no Seminário aceitam alunos que gostam de rezar, de estudar e de trabalhar.
- Precisa ser orientado para seguir outro caminho – completei.
- Então, o senhor acha que o Seminário “periga estragá-lo”? – Perguntou sem graça.
Não sabia se era ironia, se zombava da instituição da Igreja, ou o que ela pretendia expressar. Mas
não podia deixar por menos:
- Realmente, o Seminário não é reformatório. É difícil o conserto.
Pedi à mãe que o trouxesse à Capela, para a gente poder falar com ele. Agradeceu a orientação dada, mas até hoje, nunca o vi numa celebração.
Muitos pais pensam que o Seminário é uma pensão barata, uma casa onde os jovens estão longe das drogas e de outros males... Mas a finalidade desta centenar instituição é bem outra. Ali somente entram os jovens que desejam fazer uma caminhada vocacional rumo ao sacerdócio. E no dia que descobrirem que não é este o caminho, têm toda liberdade para desistir.