A economia a serviço da vida

Postado por: Ari Antônio dos Reis

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Temos acompanhando diversas manifestações de preocupação em relação a economia do Brasil. A crise por aqui já dura quase cinco anos. Na última década anos tivemos crises econômicas nos Estados Unidos (2008) e também em parte de Europa, especialmente na Grécia (2010), Espanha (2012) e Itália (2013), para citar alguns países desenvolvidos.  Nossos irmãos Argentinos também vivem em situação difícil e esta não foi resolvida com a eleição de Macri, sabidamente de orientação neoliberal. Quem visita a Argentina fica surpreso com o contingente de miseráveis morando nas ruas.

Nos últimos cinco anos tivemos três presidentes da república. Dilma Rousseff, declarada impedida pela falta de base política no congresso, mas apeada do poder sob o argumento das pedaladas fiscais.  Michel Temer assumiu no lugar de Dilma, aprovou a limitação do teto de gastos, diminuindo os investimentos sociais, contudo não avançou devido as graves acusações de envolvimento em corrupção. Por último foi alçado ao poder Jair Bolsonaro que mesclou um discurso neoliberal com uma pauta social conservadora (e contraditória) em termos de costumes, mas sem explicitar um real plano para o Brasil. A não participação nos debates impediu o mínimo de interlocução sobre suas propostas para o Brasil. 

 Se o sistema econômico está diretamente envolvido na crise do Brasil, como esteve na crise mundial, pergunta-se que modelo econômico gerou estas crises e qual é o modelo que se pretende para a sua solução.  Em resposta lembremos as palavras do Papa Francisco sobre o atual sistema econômico: devemos dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social. Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento de um idoso sema brigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa (EG 53). Continua: hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco (EG 53). Sobre a confiança no mercado o Papa afirma: alguns defendem ainda as teorias da “recaída favorável”, que pressupõem que todo o crescimento econômico, favorecido pelo livre mercado, consegue por si mesmo produzir maior equidade e inclusão social no mundo. Esta opinião, que nunca foi confirmada pelos fatos, exprime uma confiança vaga e ingênua na bondade daqueles que detêm o poder econômico e nos mecanismos sacralizados do sistema econômico reinante (EG 54).

As pretensas soluções para a superação da crise no Brasil, ao que tudo indica, estão dentro desta perspectiva neoliberal criticada pelo Papa. Michel Temer seguia este modelo sobretudo quando pautou o limite do teto dos gastos, fragilizando ainda mais os investimentos em gastos sociais, e pela reforma trabalhista, flexibilizando a proteção ao trabalhador. A econômica adotada pelo atual governo pode contribuir para o aumento da miséria, da desigualdade e da injustiça social. Estranha-se tanta pressão para a reforma da previdência sem cobrança dos grandes devedores, sem proposta de maior regulação do mercado financeiro e sem maior empenho na reforma tributária. Alguém será onerado. Quem?

A sã economia e seus fundamentos históricos tem a ver com a garantia de uma vida digna para todos, equilibrando a escassez e a sobra. Perde seu sentido se trabalha para apenas garantir benesses para alguns privilegiados.

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