A data de 1º de maio
marca a celebração do dia do trabalhador e da trabalhadora e a memória de São
José Operário, padroeiro dos trabalhadores.
Infelizmente a experiência de trabalhar, contributo para a construção da
dignidade e aperfeiçoamento humano, tem sido ameaçada por situações muito
difíceis. Primeiro, o desemprego que não arrefece trazendo graves dificuldades
para muitos trabalhadores, sobretudo aqueles que tem uma família para
sustentar. Lembremos também os jovens que buscam o primeiro emprego. Em uma
realidade de fechamento de oportunidades de trabalho este sonho fica mais
difícil.
Segundo, o trabalho precarizado, distante da segurança legal e institucional. É caracterizado não só pelos salários baixos, mas também pelo exercício laboral em condições adversas, colocando em risco a integridade física e mental do trabalhador. No Brasil ainda temos situações bem reais de trabalho nestas condições e, em alguns casos, tipificadas como trabalho escravo, segundo os critérios da Organização Internacional do Trabalho – OIT.
Terceiro, o processo acentuado de relativização dos direitos trabalhistas. A reforma trabalhista votada no ano passado, sob o argumento de facilitar o aumento de vagas de trabalho, não alcançou este intento e ainda contribuiu para que alguns direitos trabalhistas ficassem em suspensão. Segue-se a lógica perversa do capitalismo de que, em momentos de crise, os direitos são os primeiros a serem ameaçados sob o falso argumento que atravancam a economia.
Vê-se que este dia convida acentuar mais a reflexão que a celebração. Contudo, abre-se a oportunidade de fortalecimento dos laços que unem a classe trabalhadora, compreendendo a necessária formação política, o diálogo a partir de interesses comuns e a otimização de esforços e energias, pois se gasta muito tempo em ações de pouco significado e pouco resultado positivo na vida dos trabalhadores e trabalhadoras.
Mas devemos também celebrar a graça do trabalho em nossas vidas. E esta celebração traz a responsabilidade de buscarmos nas relações de trabalho a transformação social e construção da dignidade do ser humano. O trabalho humano faz o mundo diferente. Tem esta marca tão bonita, diria tão humana. Não podemos perdê-la em nome de um sistema econômico que coloca a vida e a dignidade humana em segundo plano.
Roguemos a São José que nos ajude para que as nossas relações de trabalho se voltem para o complemento da obra criada, para a construção de relações humanas solidárias e fraternas e o fortalecimento da dignidade do ser humano, princípios e sentido do exercício laboral.