Desde que assumiu o pontificado vindo do “fim do
mundo”, como afirmou, o Papa Francisco tem mostrado a possibilidade de outros
caminhos para a Igreja na perspectiva de continuar a obra evangelizadora de
Jesus. A retomada de alguns documentos publicados permite compreender o itinerário
que ele propõe para a Igreja.
Na exortação Evangelii Gaudium publicada logo após o Sínodo sobre a Evangelização em 2012, trata da evangelização como uma tarefa primeira da Igreja. Afirma que “a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus” (EG 1), contudo uma alegria que deverá ser transmitida pela ação missionária.
Em seguida, em resposta aos graves problemas sociais e ambientais que afligem a humanidade, lançou em 2015 a Encíclica Laudato Si (Louvado Seja). Neste documento, fruto do diálogo e consulta ampla com vários especialistas em questões ambientais, sugere a revisão profunda da forma como o ser humano tem se comportado frente ao Planeta Terra. Lembra a profunda conexão entre os problemas sociais e problemas ambientais como explicita no documento: “não podemos deixar de reconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra quanto o clamor dos pobres” (LS 49). Sugere a ecologia integral, abrangendo os aspectos humanos e sociais, voltada a superação de uma compreensão limitada e equivocada da relação homem e ambiente. O compromisso com a ecologia integral começa com a mudança de atitudes em nossa casa menor (lar) e se estende para todo o Planeta, a nossa casa comum.
Acolhendo as proposições dos Sínodo sobre a Família, lançou em 2016 a Exortação Amores Laetitia (Sobre o Amor na Família), revelando a preocupação e o compromisso da Igreja para com as famílias. Afirma que exortação é, em primeiro lugar, “uma proposta para as famílias cristãs estimular a apreciar os dons do matrimônio e da família e a manter um amor forte e cheio de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência; em segundo lugar, porque se propõe a encorajar todos a serem sinais de misericórdia e proximidade para a vida familiar, onde esta não se realize perfeitamente ou não se desenrole em paz e alegria” (cf. AL 5).
Dialogando com a vida das juventudes, depois da reflexão sinodal, ocorrida em outubro de 2018, lançou a Carta Apostólica Christus Vivet (Cristo Vive), que trata deste tema tão caro à Igreja. Nas suas palavras a reflexão sobre os jovens e para os jovens nos interpela e estimula a todos (CV 3). Assinala a importância do diálogo com a juventude para a Igreja porque: “são precisamente os jovens que a podem ajudar a permanecer jovem, não cair na corrupção, não parar, não se orgulhar, não se transformar numa seita, ser mais pobre e testemunhal, estar perto dos últimos e descartados, lutar pela justiça, deixar-se interpelar com humildade. Os jovens podem conferir à Igreja a beleza da juventude, quando estimulam a capacidade de se alegrar com o que começa, de se dar sem nada exigir, de se renovar e de partir para novas conquistas” (CV 37).
Graças a sua convocação a Igreja presente na grande Amazônia, em diálogo com outras forças sociais e eclesiais, está em processo Sinodal. É uma atividade muito bonita de escuta e acolhida das necessidades dos povos presentes naquela região, sobretudo os indígenas, voltada a aprofundar a missão evangelizadora.
Através dos escritos, gestos e atitudes o Papa Francisco tem mostrado o sentido de uma Igreja em saída. Tem incomodado muita gente, mas o evangelho incomoda mesmo. Cabe aos milhares de cristãos católicos, espalhados pelo mundo, acolher os sinais proféticos que o Papa tem deixado, apoiá-lo e, junto com ele, sair para evangelizar.