O meio ambiente é coisa séria!

Postado por: Ari Antônio dos Reis

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O número de queimadas no mês de agosto é o maior nos últimos tempos. Muitos animais silvestres estão morrendo devido às queimadas no Estado de Roraima. O desmatamento na região amazônica tem atingido níveis alarmantes. Os desastres ambientais, motivados pelo rompimento das barragens de rejeitos de mineração, dificilmente serão superados. Os povos ribeirinhos, indígenas e quilombolas estão com a sobrevivência ameaçada devido a destruição do seu ambiente de vida.

 Os fatos elencados acima não são manchetes alarmistas, mas constatações do grave processo de degradação ambiental no Brasil. O mandatário do executivo nacional foi eleito com um discurso que, dentre outras coisas, pautava pela relativização da preocupação ambiental. Segundo ele, a preocupação com o meio ambiente era coisa de ONGs estrangeiras com pouco interesse no bem do Brasil e do verdadeiro progresso. Cumprindo com sua promessa eleitoral, colocou à frente do Ministério do Meio Ambiente um ministro afeito às suas ideias e tem demostrado isso com palavras e atitudes, muitas das quais desprovidas de qualquer fundamento racional.

Já vivemos as consequências deste modelo de administração na questão ambiental. Ouvem-se clamores de todo o lado, desde os povos indígenas até funcionários comprometidos com o cuidado ambiental. Estes últimos são a cada dia desautorizados pelos superiores. A desautorização implica, de certa maneira, em declarar total liberdade de ação para aqueles grupos que consideram a questão ambiental, os direitos dos povos indígenas e quilombolas, o aquecimento global, as mudanças climáticas “lorota” e, por isso, agem como se não houvesse legislação. Atuam como se os recursos da natureza fossem infinitos e não medem as consequências dos atos. O que vale é a exploração e o lucro, doa a quem doer.

Desde as primeiras conferências sobre o meio ambiente o mundo, tanto na esfera de governos, como da sociedade civil organizada, tem tentado se organizar numa abordagem responsável sobre a questão ambiental.  Estes debates são marcados por pressões de diferentes tipos. Contudo a preocupação ambiental está posta em discussão e é pertinente, porque o que está em jogo é o futuro do Planeta e, consequentemente, o futuro da espécie humana. Tem razão o Papa Francisco quando afirma na Encíclica Laudato Si: que tipo de mundo queremos deixar a quem vais nos suceder, às crianças que estão crescendo? (cf. LS 160). Continua afirmando: não basta apenas dizer que devemos nos preocupar com as gerações futuras; exige-se ter consciência de que é a nossa própria dignidade que está em jogo. Somos nós os primeiros interessados em deixar um planeta habitável para a humanidade que nos vai suceder (cf. LS 160).

 As palavras do Papa estão em sintonia com as preocupações de outras lideranças mundiais, religiosas, políticas e sociais.  O Planeta passa por transformações e o ser humano na luta desenfreado pelo progresso e lucro a qualquer custo, tem sido o principal fator destas transformações. Infelizmente, no Brasil, estes grupos têm obtido o respaldo irrestrito do governo federal. As cobranças externas têm vindo, inclusive na esfera comercial, segundo o propósito do consumo consciente. Em termos de política externa está o desafio de avançar na articulação entre as várias entidades da sociedade civil para que os anos de trabalho não se percam em quatro anos de insanidade governamental.

 O meio ambiente é coisa séria. Todos sabemos disso. Do seu cuidado depende o nosso futuro.

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