Ao palestrar junto a
um grupo de alunos de certa escola, o missionário italiano que estava comigo
na equipe, ao falar da vocação à santidade, a certa altura, em seu jeito
particular de comunicação, apontou o dedo para um adolescente que o encarava
curiosamente:
- E você não quer ser santo? – interrogou-o firmemente esperando uma resposta afirmativa.
- Olha padre – respondeu-lhe o menino – eu quero ser uma pessoa normal.
Diante da resposta surpreendente, o religioso fez uma luminosa colocação, concentrando a plateia, que silenciosamente acompanhou a reflexão:
- Exatamente, “ser santo” é tornar-se uma pessoa normal. Desde que nascemos, buscamos uma perfeição maior, pois ainda somos limitados, cheios de erros e tendências para o mal. Percebemos nossas limitações, nossas anormalidades e lutamos para vencermos nossos defeitos. Quando finalmente tivermos superado todas as nossas falhas, significa que nos tornamos santos, isto é, pessoas normais. Chegamos à perfeição, à normalidade, isto é, à santidade.
Dizem que uma das maiores tristezas humanas é descobrir que ainda se está longe da perfeição, isto é, da santidade. Ao descobrir em si, os defeitos, as falhas humanas, as limitações, enfim, a distância entre o real e o ideal proposto por Deus, a pessoa tende a desanimar. Há um longo caminho a percorrer até chegar à normalidade. Mas Deus sabe como Ele criou a natureza humana.