A despedida de um
ente querido sempre é realizada num clima de comoção e de profunda tristeza.
Os familiares e parentes próximos ficam com os sentimentos à flor da pele. A
razão não funciona mais. Não há palavras que os consolem facilmente. Na
funerária gastaram muito, porque não quiseram aparentar pobreza, contratando,
pois, os melhores serviços.
Doutro lado, as pessoas que aparecem na igreja, para combinar os detalhes do velório, a encomendação e o sepultamento, muitas vezes vêm prevenidas com argumentos, para facilitar ao máximo o enterro da pessoa amada, sem arcar com alguma despesa. Não querem saber se a pessoa falecida contribuiu com a comunidade, se participava das promoções e celebrações comunitárias ou do dízimo paroquial. Somente querem ser bem atendidas, receber as condolências e convidar a todos para o sétimo dia. Neste momento, não adianta apresentar-lhes razões para isso ou aquilo, porque em ambiente de consternação, somente funciona a emoção.
Há, todavia, costumes diversos, em ambientes mais nativos de nossa terra. No velório cumprem o desejo do falecido para tocar certas músicas e cantar cantos de tradição, previamente agendados. Realizam igualmente a vontade da família, oferecendo faustos manjares a todos os que participam do velório. Assim, não lhes custa preparar um gostoso churrasco, servido com saladas e cucas, como prêmio à guarda realizada. O bom serviço oferecido pela família, é avaliado pelas iguarias e guloseimas apresentadas. Ninguém quer perder, em agrados e gentilezas, para um velório anterior acontecido na redondeza.
Foi assim que um peão de estância se expressou, no dia seguinte ao sepultamento, ao ser perguntado sobre o funeral de pessoa amiga, após a avaliação de todas as regalias oferecidas:
- “Foi um bagual de um velório”.
Os velórios realizados em nosso meio, mais parecem uma festa e encontro de familiares do que real despedida de alguém que parte definitivamente. Reza-se pouco pela pessoa amada. Comentam-se fatos acontecidos em sua vida, o capital que deixou e o risco de conflito na partilha dos bens. Faz-se de tudo para não pensar na eternidade.