Muitas vezes as
pessoas criticam as atitudes de novos dirigentes de serviços públicos ou
privados, pois ignoram tudo o que foi feito antes e recomeçam tudo de outra
maneira, como se ninguém tivesse feito algo antes. Ou ainda, entendem que tudo
o que os outros fizeram estava errado. Longas jornadas de trabalho, com revisões
contínuas, avaliações sérias e meticulosas, tudo é posto a perder, porque o
novo administrador pensa diferente.
O novo dono da verdade age como se fosse o primeiro, o único e o último. Considera-se absoluto, mesmo criticando os ditadores. Censura os bons, mas se julga perfeito. Repreende os que adquiriram experiências, mas age como um sabe-tudo.
O poeta Mário Quintana já falava desses autodidatas: “São ignorantes por conta própria”. O arquiteto Niemeyer, idealizador de Brasília, dizia aos que criticavam seu projeto vencedor, apresentado na última hora: Eu penso um ano e faço num mês e vocês fazem num mês e depois pensam um ano, para fazer as mudanças.
E quando se observa que outros já fizeram essa ou aquela experiência, tentaram isso ou aquilo e poderiam ser consultados, simplesmente se ouve a resposta:
- Eu tenho direito de fazer minha própria experiência.
Dessa forma coisas não avançam. Se não forem valorizados os trabalhos e as experiências dos outros, o mundo seria um eterno recomeçar. Desprezar as capacidades dos outros é um roubo do dinheiro público ou privado. Todos têm direito a errar. Mas quando alguém já acertou, já fez um caminho, é racional valorizar a caminhada feita.