Na última terça
feira, 29 de outubro, a Arquidiocese de Passo Fundo acolheu um grupo de
imigrantes venezuelanos oriundos do Estado de Roraima onde tiveram a primeira
acolhida no Brasil. Esta iniciativa foi fruto do diálogo a partir do
protagonismo da Pastoral das Migrações e pessoas voluntárias que se esmeraram
em criar condições para que os imigrantes encontrassem aqui um bom lugar para
retomarem as suas vidas.
Alguém indagava como um país em crise, com alto nível de desemprego, poderia acolher ainda mais gente. Não estamos bem, contudo eles estão em uma situação pior. E sempre é possível partilhar o pouco que se tem. Os pobres têm ensinado isso. A prova é que, em poucas semanas, depois de muita mobilização, boa parte dos que chegaram já têm emprego garantido e todos terão moradia digna e alimento para os primeiros meses de estadia em nossa terra. Mostrou-se que é possível acolher pessoas, mesmo em dificuldades.
No passado esta terra acolheu muitos imigrantes vindos da Europa e outros continentes. Somos descendentes desta gente que aqui chegou, também em condições muito precárias de sobrevivência. Aqui imprimiram uma forma de vida que hoje marca profundamente a região. Recentemente acolhemos os irmãos haitianos, senegaleses e de outras nações. Apesar de algumas tensões, estão aqui e já enriquecem a região com suas formas de vida, como no passado os outros imigrantes assim fizeram.
Se comparado aos outros países, o Brasil tem um percentual muito baixo de imigrantes. Não atinge 1% da população total. Em alguns países chega a 14% como os Estados Unidos e Alemanha. É possível avançarmos um pouco mais nesta questão. Não tenhamos medo de exercitar esta troca de dons. Assim como enviamos muita gente para fora do país, saibamos também acolher quem aqui chega.
Estes irmãos que estão chegando vêm da tribulação, de uma realidade muito difícil e com a sua sobrevivência ameaçada. Para além das cores ideológicas cabe recebê-los segundo os princípios humanistas e cristãos e ajudá-los a curar as feridas geradas neste período difícil. Aqui no Brasil terão a chance de reconstruírem suas vidas colocando seus dons e habilidades profissionais a serviço de todos nós. Se existem setores da sociedade globalizando a indiferença, sejamos capazes de globalizar a solidariedade e espírito de acolhida segundo o que pede o Papa Francisco na Exortação Evangelii Gaudium: “exorto os países a uma abertura generosa, que, em vez de temer a destruição da identidade local, seja capaz de criar nova sínteses culturais. Como são belas as cidades que superam a desconfiança doentia e integram os que são diferentes, fazendo desta integração um novo fator de progresso! ”
A chegada dos irmãos da Venezuela provocou nossas comunidades católicas. Isto foi muito bom. Exercitamos o princípio de uma Igreja em saída, assumindo o princípio da acolhida.