A
nossa sociedade está organizada para valorizar os que têm dinheiro e poder. Os
cargos dão um ar de posse, de domínio, de força moral, social e política. Faz
entender também, que a pessoa tem capacidade e competência. Enquanto está no
cargo e possui uma qualificação em “or” ou “ente”, como diretor ou coordenador
ou presidente, superintendente, gerente, é alvo dos holofotes da imprensa,
perseguido pelos microfones e dos gravadores dos jornalistas. No dia em que
entrega o cargo e não ostenta mais o poder, na mesma hora todos correm atrás do
novo “or”, e não o deixam trabalhar. No mundo animal acontece a mesma coisa. O
porquinho que apanha a espiga de milho por primeiro, não consegue devorá-la,
pois, todos os outros correm atrás dele e não o deixam consumi-la. Quando não
tem mais a espiga, ninguém mais corre atrás dele.
O novo “or” quer trabalhar e se organizar, mas é assediado pelos invejosos do poder, que dá honra e fama. Desejam partilhar da glória dessa celebridade. E o “ex”, é esquecido, porque não é mais o titular e não tem mais decisão sobre o dinheiro e o capital.
Quando aparece um “or”, todos se derretem em gentilezas, afagos, carinhos, admirações e amabilidades. Assim acontece com o diretor, o coordenador, o senhor, o curador, o gerenciador, o administrador, o supervisor, o orientador, o monsenhor, o gestor, o procurador, o reitor... e assim por diante. Mas o poder é exercido, muitas vezes, com um outro “or”: ditador ou dominador.
O desejo de mandar, de governar e de dominar, está presente no coração de muitas pessoas que têm um objetivo subjacente: aparentar a verdade, ganhar mais, embolsar mais e auferir vantagens. Alguém, todavia, observou há mais de dois mil anos atrás, que é necessário cultivar o verdadeiro “or”: o amor. E exercer o poder como um verdadeiro servidor. Assim, tudo mudaria em nossa sociedade.
Por mais que se fala em servir, as pessoas continuam a pensar em “servir-se” do cargo para impor-se, amedrontar e intimidar. Quando uma pessoa é incompetente para exercer uma função com diálogo, conversação e diplomacia, mais ela procura, em sua insegurança, impor-se com ameaças e advertências. Quer vencer pelas intimidações, fazendo de seu cargo uma verdadeira chantagem.