Em
nossa sociedade há um desejo de dominação muito grande. Sonha-se com diplomas
para impor-se diante das outras pessoas com menos oportunidade de estudos; projeta-se
com a sorte das loterias, para impor-se pelo poder econômico; imagina-se com
vitórias em eleições, para poder influir mais no meio social e assim impor seus
próprios pontos de vista. Às vezes até aparece no linguajar uma reta intenção,
dizendo que assim podem servir mais, ajudar mais e oferecer melhores condições
para que outros vençam na vida. É muito provável, no entanto, que tudo isso
seja puro engano.
O desejo maior é a dominação. No fundo do coração humano há uma aspiração de se impor, de dominar, de sobrepujar, enfim, de fazer a cabeça das pessoas. E quando a pessoa concorda, apoia ou adere ao pensamento do dominador, logo é classificado como uma pessoa consciente, esclarecida, de pensamentos lógicos, digna de crédito. O que, em última análise aconteceu, foi a transformação da cabeça de outrem em um fanático seguidor, um maníaco apaixonado pelo pensamento da pessoa dominadora. E as pessoas manipuladas não questionam mais se este ou aquele está em juízo certo, em raciocínio correto ou coerente. Tornam-se títeres ou fantoches da cabeça de outros.
Assim temos muitas pessoas, que concordam com tudo o que o seu testa-de-ferro diz ou propõe. São os homens-de-palha, títeres manuseados pela mente doentia de outrem, pessoas perigosas que não aceitam a democracia e nenhuma opinião dos outros. São os donos da verdade que nunca percebem valor naquilo que outros fazem ou propõe para fazer.
Muitas vezes ouvimos dizer que esta ou aquela pessoa é uma pessoa consciente. O que muitas vezes se quer dizer é que ela tem o seu mesmo ponto de vista. Conseguiu dominar até sua consciência. E quem pensa diferente, é logo classificado como uma pessoa que não tem consciência da realidade, é antiquada, retrógrada e conservadora. Assim, manifesta-se mais uma vez o espírito de dominação, que vem de um coração dominador.