O Natal é um tempo
de graça para a humanidade. É celebrada, na tradição cristã, a manifestação da
bondade de Deus na pessoa do menino nascido na gruta de Belém. Deus nos deu o
seu Filho por amor. A partir do seu Filho buscou conduzir a humanidade à salvação. Já dizia o profeta Isaias “o povo que
estava nas trevas viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da
morte, uma luz resplandeceu” (Is 9,1). O evangelista São João afirmou que o
“verbo se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14). Deus se fez humano como
os humanos, acolhendo plenamente a condição
humana nas suas grandes virtudes e também nos limites próprios da existência
humana. Uma luz brilhou para a humanidade e a luz da salvação foi testemunhada
pelo profeta João Batista, aquele que anunciou Jesus e convidou a humanidade para
acolhê-lo (Mc 1,3).
No tempo do advento preparamos a vinda do Senhor e nos preparamos para recebê-lo em nossas vidas. Um momento tão importante na caminhada da humanidade exige preparação. Esperamos o Senhor que vem na oração, na reflexão e no silêncio contemplativo. Estamos vigilantes esperando algo de muito bom acontecer.
A festa do Natal tem um fundamento cristão. A humanidade celebra a decisão amorosa de Deus de se encarnar na nossa história para levar-nos à salvação. As outras dimensões do Natal são acessórias. Sem uma ligação com o nascimento de Jesus perdem o caráter cristão e a conotação natalina. Perdem o significado.
Uma destas referências é o papai Noel. O bondoso papai Noel nos remete a São Nicolau, bispo de Mira-Turquia, de memória celebrada no dia 06 de dezembro, que se destacou pelo hábito de ajudar anonimamente as pessoas pobres com bens ou moedas. Na Alemanha São Nicolau foi transformado em Papai Noel. Com o tempo foram acrescentadas outras características próprias do hemisfério norte. Sua figura simboliza a bondade, o bom humor e o afeto para com as pessoas. São características necessárias nas relações humanas saudáveis em todas as épocas. Neste tempo se explicitam com mais evidência. Por isso, as confraternizações, as trocas de presente, a alegria do tempo.
Contudo, aos poucos os interesses comerciais foram tomando conta deste espírito marcado pela bondade e gratuidade. Cabe o cuidado para que este tempo não seja marcado pela superficialidade e pela ausência de Jesus.
Lembremos que raiz primeira do Natal (nascimento, natividade) é o nascimento do menino Jesus, celebrado a cada ano pela comunidade cristã. Se não abrimos um espaço para Ele em nossas vidas, fazendo do nosso coração a sua manjedoura e do nosso lar o seu presépio, como pede o Papa Francisco, este tempo se esvairá como fumaça. Depois de todas as manifestações ficará um vazio, porque Jesus não conseguiu chegar até nós. Estávamos preocupados com outras coisas e, assim como Ele não teve lugar nas hospedarias, não terá em nossos corações.
Deixemos que o menino Jesus esteja presente em nosso Natal.