Conta-se, que numa
região do Brasil central, encontraram-se muitos diamantes de grande valor. O
pai e o filho foram cavoucar diamantes em sua propriedade. Depois de alguns
dias, finalmente encontraram uma de grande valor.
- Estamos ricos! Chega de enxada para trabalhar! – exclamavam felizes.
Lavaram o diamante e o deixaram em cima de um toco, de onde brilhava para todos os lados. Enquanto se lavavam, numa cacimba ali perto, eis que ouviram um forte bater de asas, que os assustou. Era um urubu que, em voo rasante, engoliu a pedra e se mandou pelos ares. Acompanharam-no tristes a sumir pelo horizonte. Caíram em intenso choro:
- Éramos ricos e agora somos pobres novamente!
Caminhavam silenciosos para casa, em profunda tristeza pelo ocorrido. A certa altura, o filho disse ao pai:
- Pai, se o senhor concordar, eu vou conseguir de volta o nosso diamante.
- Filho! – respondeu-lhe o pai, caindo lágrimas de seus olhos. – Autorizo-lhe a fazer o que puderes para consegui-lo de volta.
Ao chegar em casa, tomou uma espingarda e levou um velho burro até a encosta de um mato, e ali o sacrificou. Naquela época, a caça era permitida.
Três dias depois, disse ao pai:
- Pai, vai junto comigo buscar o diamante!
E ao chegar no local, avistou uma centena de abutres devorando o burro. Mas havia um corvo sentado ali perto, sozinho, num galho de árvore.
- É esse aí, pai, que está com o nosso diamante.
Em silêncio, dirigiu-se para mais perto dele e desfechou-lhe um tiro certeiro.
- Estamos novamente ricos, pai! – Gritava o rapaz.
Enquanto uma centena de corvos levantou voo, foi tomá-lo em suas mãos, exibindo o troféu. E abrindo-o, encontrou o diamante.
- Mas como você sabia que era este que engolira o diamante?
- É simples pai. Quando alguém fica rico, não se mistura mais.
A avidez pela riqueza, pelo dinheiro fácil, pelo enriquecimento fraudulento, são tentações sempre presentes no coração humano. São igualmente fonte de discórdias, desavenças e até mortes. Deus deixou os bens da natureza, não para serem acumuladas, mas para servirem para o bem de todos. São Francisco não queria propriedades para sua família religiosa, pois, senão “necessitamos de armas”, para defendê-las.