Um intelectual que morava à beira
da praia, todas as manhãs, antes do nascer do sol, via do alto de sua casa um
pescador que, na areia, recolhia as “estrelas do mar” trazidas pelas ondas e as
jogava de volta para as águas.
Certo dia, não suportando mais a aparente inutilidade de tal ação, foi conversar com o pescador. Este, todavia, continuava a praticar seu gesto incompreensível. Explicou-lhe a insignificância de seu ato em relação aos milhares de quilômetros de praia mundo afora, e à quantidade de estrelas do mar que morriam, porque não havia ninguém que as devolvesse ao mar.
De fato, o gesto do pescador era solitário e insignificante diante da necessidade existente. Mas o pescador não levou em conta a observação do intelectual. Tomou mais uma estrela do mar em sua mão e, antes de jogá-la ao mar, olhou para ele com as palavras:
- Para esta eu fiz diferença.
E continuou a jogar as estrelas do mar.
No dia seguinte, bem cedo, o intelectual estava ajudando o pescador na sua louvável e edificante tarefa.