Na última semana abordamos a temática da ansiedade/transtornos de ansiedade. Muitas pessoas se manifestaram sobre o assunto e pediram que desse continuidade, refletindo e trazendo mais elementos para análise. Importante destacar que a ansiedade é uma reação natural do ser humano para o enfrentamento das situações cotidianas. Como destacamos na semana passada, a exacerbação da ansiedade e os efeitos desse processo é que precisam ser avaliados e considerados, especialmente quando causam danos e sofrimento às pessoas.
O medo e a ansiedade são normais do ponto de vista psíquico. Eliminá-los da vida humana, seria muito perigoso inclusive. O medo nos tira de muitas situações adversas e arriscadas. Se você não tivesse medo, caminharia no beiral da laje de um prédio muito alto sem os devidos equipamentos de segurança e proteção, correndo o risco de cair e se machucar, até mesmo morrer. A ansiedade, por sua vez, em grau moderado contribui para que tenhamos zelo para com os outros, inclusive para que os acordos sociais sejam respeitados, seja não chegando atrasado para uma reunião ou ainda se preparando melhor para ela.
Quem nunca sentiu o frio na barriga antes de uma entrevista de emprego? Ou antes de uma prova difícil sentiu como se o coração fosse saltar pela boca? Ou ainda, quem nunca teve medo de perder alguém muito importante? Esse medo pode levar à precaução, ao comedimento e a adoção de uma postura mais proativa e adequada à situação. Mas também pode incapacitar, causando muita dor e sofrimento.
A psicologia trabalha e se ocupa com aquilo que causa dor e sofrimento para o indivíduo de um ponto de vista psíquico. As pesquisas mais avançadas em neurociência têm apontado que a dor física e a dor social têm a mesma base cerebral, ou seja, o lugar acionado é o mesmo dentro do cérebro para humanos. Portanto, é possível dizer que a dor tem componentes físicos (sensoriais) e afetivos (psicológicos). Compreende-se dessa forma, que dor física e psicológica têm influências muito semelhantes na vida das pessoas. Nesse caso há uma contradição em termos práticos: muitas pessoas procuram recurso externos, seja uma consulta médica, odontológica, quando sentem dor física, mas têm relativa dificuldade em procurar orientação psicológica. É sabido que por muitos anos, a sociedade admitiu tratar os males físicos como necessários e os males da mente como acessórios. A pecha de que “psicólogo é para loucos”, apesar de muito diminuída nos dias atuais, ainda produz nefastos efeitos no imaginário popular.
A resposta à pergunta do título do presente artigo “Medo e Ansiedade: É possível conviver com eles?” depende de uma série de elementos que precisam ser levados em consideração. Depende especialmente do grau de sofrimento psicológico que o medo e a ansiedade têm causado na vida da pessoa. Depende do grau de comprometimento biopsicossocial do indivíduo. Sempre que o medo e a ansiedade estiverem exacerbados e tornarem-se insuportáveis, é hora de procurar ajuda profissional.
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