As tecnologias e as redes sociais
demoraram um pouco, mas também bateram à porta da educação. Com a pandemia e o
isolamento social, viraram, de um mês para outro, ferramentas para aproximar
estudantes, professores e professoras, pais e mães, num mutirão para não deixar
a educação paralisada.
Mas por que Ética? Ética é a reflexão sobre as ações humanas. Neste caso, a reflexão sobre como usamos e como poderíamos usar melhor as redes sociais e as plataformas educacionais para nos relacionar, para comunicar e, agora, para aprender.
Além de bons jogadores e navegadores, nossas crianças, adolescentes e jovens podem agora usar as tecnologias a favor da educação e do acesso aos conhecimentos. Podem beneficiar-se, dominando as tecnologias que se impõem cada vez mais na vida de todos nós.
Cuidados são necessários. Vejamos. Será que é legal expor-se demais, expor tudo o que a gente pensa, tudo o que a gente é e o que a gente faz? É legal fazer zoação, brincadeiras ou postar bobagens na internet, redes sociais ou nas aulas? Não cuidar do uso do bom português? Entrar sempre em discussões ou polêmicas? Não checar se informações ou notícias são realmente verdadeiras antes de compartilhar? Usar imagens de colegas ou de professores para fazer memes, zoação ou brincadeiras? Publicar assuntos que são da família, do grupo de amigos ou da escola para todo mundo ver?
O nosso desejo de comunicar não pode atropelar o bom senso, o respeito aos outros, a empatia e a compaixão (colocar-se no lugar dos outros). Nossa vida social agora também é a internet, as redes sociais e exige de todos nós RESPONSABILIDADE. Temos de ser CIDADAOS DIGITAIS RESPONSÁVEIS.
A fofoca sempre foi uma arma utilizada para controlar a vida dos outros. Mas agora, com a velocidade com que se espalham as informações, podemos expor a integridade e a reputação das pessoas de forma ampliada, porque a internet pode destruir a vida social de uma pessoa de uma hora para outra.
A tentação de muitos é jogar os problemas da vida real no mundo virtual. Não faltam exemplos de jovens que, de forma impensada, expuseram o seu corpo, expuseram a imagem de outras pessoas, postaram uma briga ou um desentendimento, praticaram preconceitos e discriminação e tiveram de pagar caro por isso. Há casos em que tiveram mesmo de sair de sua cidade.
A internet e as redes sociais não são um mundo sem lei. Além de não sermos eticamente corretos, podemos ser responsabilizados legalmente quando abusarmos e postarmos assuntos que não deveriam estar expostos para todo mundo ver. Dependendo da postagem, as repercussões podem gerar problemas incontroláveis e inimagináveis.
Por outro lado, na medida em que agora utilizamos as redes sociais, a internet e as plataformas para fazermos também educação através da escola, ela passa a se tornar uma ferramenta cada vez mais importante e mais segura para comunicar e para nos tornarmos pessoas melhores, mais críticas e mais inseridas na sociedade.
Ocorre que todos estamos aprendendo. Nesta aprendizagem, os professores e professoras, os estudantes, os pais e mães e toda comunidade descobrirão juntos um grande potencial das tecnologias para melhorias na educação.
Estamos numa nova fase na educação, onde juntos aprendemos e ensinamos. Onde todos podemos errar e aprender, sobretudo pensando na segurança nas informações e conteúdos digitais e o domínio das próprias tecnologias. Muitos professores e professoras, pais e mães e muitos estudantes apresentarão dificuldades para entender e praticar atividades digitais, mas com PACIÊNCIA, SOLIDARIEDADE, COMPREENSÃO E OUSADIA descobriremos novos mundos e novas possibilidades.
Nei Alberto Pies, professor e escritor.